"Conheci uma certa Benedita que enchia aa atmosfera de ideal, cujos olhos semeavam o desejo da grandeza, da glória e de tudo o que faz crer na imortalidade.
Mas essa menina miraculosa era bela demais para viver muito; assim morreu dias depois de tê-la conhecido e fui eu mesmo que a enterrei, bem fechada num caixão de madeira perfumada e incorruptivel como os cofres da índia.
E como não despregava os olhos do lugar onde desaparecera o meu tesouro, subitamente vi uma pessoinha que se parecia singularmente com a defunta e que, pisoteando a terra fresca com violência histérica e bizarra, rindo muito, dizia: "Sou eu a verdadeira Benedita! Eu, a grande canalha! E para puní-lo por sua loucura e cegueira, me amará como sou!"
Mas respondi furioso: "Não, não e não!" E para melhor sublinhar a recusa bati tão violentamente com o pé na terra que minha perna afundou até o joelho na sepultura recente e, como um lobo que caiu na armadilha, para sempre talvez, fiquei preso à fossa do ideal"
Num primeiro momento não havia entendido o texto mas agora sinto como se fosse feito para mim... O pior de tudo é que ainda assim Benedita está correta... "me amará como sou!"... De fato é o melhor a se fazer... a recusa, como dito, nos prende a fossa do ideal (uma palavra bem forte, é como se o tumulo de antes, onde jazia o ideal da amada, fosse agora um buraco onde atiram-se os dejetos). Melhor aceitar de uma vez Benedita como ela é... de fato os mortos dão bons conselhos... agradeço a Baudelaire... matamos ideais, matamos preconceitos, matamos velhos pressupostos romanticos para vivermos nessa sociedade conturbada. Para cada nova Benedita prevejo um novo enterro, nada poderei fazer a respeito, o ideal surge antes mesmo do amor... Ainda assim não desjo novos enterros, um me basta... Será que ainda tenho o pé na fossa... talvez... bom... dane-se, ainda estou de bom humor
Mas essa menina miraculosa era bela demais para viver muito; assim morreu dias depois de tê-la conhecido e fui eu mesmo que a enterrei, bem fechada num caixão de madeira perfumada e incorruptivel como os cofres da índia.
E como não despregava os olhos do lugar onde desaparecera o meu tesouro, subitamente vi uma pessoinha que se parecia singularmente com a defunta e que, pisoteando a terra fresca com violência histérica e bizarra, rindo muito, dizia: "Sou eu a verdadeira Benedita! Eu, a grande canalha! E para puní-lo por sua loucura e cegueira, me amará como sou!"
Mas respondi furioso: "Não, não e não!" E para melhor sublinhar a recusa bati tão violentamente com o pé na terra que minha perna afundou até o joelho na sepultura recente e, como um lobo que caiu na armadilha, para sempre talvez, fiquei preso à fossa do ideal"
Num primeiro momento não havia entendido o texto mas agora sinto como se fosse feito para mim... O pior de tudo é que ainda assim Benedita está correta... "me amará como sou!"... De fato é o melhor a se fazer... a recusa, como dito, nos prende a fossa do ideal (uma palavra bem forte, é como se o tumulo de antes, onde jazia o ideal da amada, fosse agora um buraco onde atiram-se os dejetos). Melhor aceitar de uma vez Benedita como ela é... de fato os mortos dão bons conselhos... agradeço a Baudelaire... matamos ideais, matamos preconceitos, matamos velhos pressupostos romanticos para vivermos nessa sociedade conturbada. Para cada nova Benedita prevejo um novo enterro, nada poderei fazer a respeito, o ideal surge antes mesmo do amor... Ainda assim não desjo novos enterros, um me basta... Será que ainda tenho o pé na fossa... talvez... bom... dane-se, ainda estou de bom humor
2 comentários:
Eu gosto mais da birrenta.
Baudelaire ou Boudelaire?
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