sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ibirapuera

Hoje foi um dia um tanto quanto Niponico. Al me convidou para ir no Ibira porq uma amiga convidou ele e ela traria outras pessoas consigo, temendo ficar sozinho convidou-me. O comico era q ela era uma japonesa e todos os seus sete ou oito amigos e amigas tambêm. Bom... digamos q me senti meio fora de lugar. De qualquer forma, eu decidi andar um pouco e nas minhas andanças pelo parque muitas das pessoas que me chamaram a atenção eram japoneses como um casal numa bicicleta para dois (isso chama a atenção mesmo), um casal juntos num banco e um garoto que quase me atropela sequido pelo pai. Se não bastasse tudo isso na volta eu dou de cara com a Priscila, só para aumentar a já enorme impresão que os japoneses tiveram no dia de hoje. Falando nela espero q ela não tenha me achado grosso mas eu sai bem rapido, provavelmente devido ao cansasso mas muito mais provavelmente devido ao meus estado lastimavel de pessoa despenteada, suada e vestindo uma camiseta regata e shorts... não consigo conceber ser mais desleixado.
E uma anotação para quem se interessar, não é porque você vai ficar o dia inteiro andando q não deve passar protetor solar nas caneças, eu não passei e agora tenho uma linha faixa avermelhada onde o shorts e as meias não cobriram, muito elegante não acham?

sábado, 8 de dezembro de 2007

Nirnaeth Arnoediad

E finalmente chego ao fim da Nirnaeth Arnoediad, para aqueles que entenderam eu sei q é meio exagerado mas eu não sei elfico para abrandar o significado então fica assim mesmo.
Adimito que pela frente me resta um ultimo combate mas duvido seriamente que mude o curso da minah história... enfim estabilidade (quem diria que a um tempo eu esperava a estabilidade de outra forma... dane-se, é estabilidade e pronto, eu dito as regras aqui!)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Registros de um passado remoto - III

Aproveitando esse momento de garimpagem do passado é bom eu preservar aqui o primeiro e-mail que eu mandei para alguem, Helena de Tróia. Como se pode ver pelo conteudo trata-se do inicio do meu hotmail, hoje ferramenta indispensavel que me ajuda a fazer trabalhos sem ter de, por exemplo, ir até guarulhos para resolver tudo pessoalmente.
Vale lembrar que é grafia arcaica, vocabulário reduzido e estilo tosco o que torna essa reliquia ainda mais preciosa, faço questão de chamar atenção para " Apropósito" na sétima linha, duvido muito que tenha sido um erro acidental, tenho certeza que foi deliberado. Percebam tambêm que nem ao menos eu tinha conhecimento dos espacamentos da vírgula... realmente tem de ser preservado


"Ola HELENA DE TRÓIA!!!!!!!

Tróia! Como vai? Ou como diria o Fernando "tudo belê"?
Sabe estava aqui na net e depois de um esforço tremendo ,muita força de vontade , e alguns erros ocasionais consequi entrar no MSN!
Graças a ajuda do Alexandre coloquei ele e você no meu MSN
Apropósito meu e-mail no hotmail é rodrigocoelho55@hotmail.com, mas o unico e-mail que eu uso é rodri55@pop.com.br
Me manda os e-mails do msn do pessoal da classe para eu saber!
Abraços do Coelho

ASS:Rodrigo Coelho"

obs: a muito que meu e-mail do pop faleceu

Registros de um passado remoto - I

Por questões de incompetência por minha parte eu deletei o original mas minha sorte é que não deletei

Era um e-mail endereçado a "dd", não sei se isso foi anotação minha ou se é algo automático do hotmail. Data de 15/02/2005, inicio de federal. Quase todas as minhas criações giram em torno de uma musa mas simplesmente o poema não condiz com minha musa do período, não é o estilo dela. Realmente tal poema é um mistério provavelmente indecifravel...
"vós sois bela donzela,por vos muitos corações hao de cair,
mas como nem todos gostam dos belos sabores e odores,
vos acabas se sentindo despresada,olhais para o futuro bela donzela,
pois o trem não para e as estaçoes correm rapido,preste atençao
nos detalhes ou ao ponto final irás chegar"

O poema está intocado, perfeitamente no vocabulário e na grafia do período

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O código da cavalaria.

Algumas anotações e idéias que não posso esquecer e de preferencia aplicar ano que vêm. Valem desde já mas devem ter mais efeitos realmente a partir do proximo ano

Exiba auto-controle
Defenda os fracos e os inocentes (dificil ter a oportunidade)
Nunca traia a confiança de um camarada
Seja educado e atencioso
A estupides e a coragem são primos
Nunca ataque alquem pelas costas

E quanto ao amor cortêz, devo reviver os antigos valores e acrescentar outros, nem tudo é uma maravilha mas apesar do que pode ter acontecido ou do que possa acontecer as mulheres ainda merecem aquele respeito cavalheiresco, é mais um prazer para mim do que um dever... é, devo estar de bom humor devido ao fim do ano...

Seja sempre obedientes aos comandos de uma dama, deves atacar até mesmo a um aliado em nome do amor (ok, aqui vale uma ponderação de acordo com o caso)
Aquele que realmente ama não considera nada bom o bastante a não ser o que agrada à sua amada
Todos os atos daquele que ama tem como objetivo final a amada
Não é próprio amar qualquer mulher que se teria vergonha de pedir em casamento, em outras palavras não é bom se apaixonar por alguem de quem se possa ter vergonha pois isso não faria bem a nenhuma das partes
Quando alguem ama seu coração sempre palpita na presença da amada (bom, isso é exagero mas é valido)
Um verdadeiro amanta nunca deseja mais ninquem alêm da amada
A atenção e o zelo sempre reforçam o sentimento de amor
Quando tornado público o amor raramente dura (xii...)
Se o amor diminui ele rapidamente falha e raramente revive (apoiado)
É fato bem conhecido que o amor vive constantemente crescendo e decrescendo (idem)


Acho que basta... Espero conseguir assimilar tudo isso

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Coisas úteis sobre o mundo lá fora. - Parte IV

Sabe quando você vai fazer aquela prova e decide chutar as alternativas que cairam menos vezes? Pois tome cuidado já que as vezes podemos ter uma prova com de 50 quesões das quais 37 questões possuem como resposta correta a opção A
Ocorreu na Federal, um professor meu fez a prova para a administração e esta pediu que ele colocasse todas as respostas como sendo A para que eles pudessem embaralhar as respostas e montar o gabarito. Acontece que provavelmente a diretoria deixou esse assunto para ultima hora, moral da história, temos uma prova em que 37 das 50 questões possuem a mesma resposta. Incrivel.

http://www.cefetsp.br/temp/grhconc/gab_INF_II_REDES.pdf

Onda... uma ilusão

"Só revê-la poderá fazer a natureza se refletir novamente nessa alma turva", assim profetizei no passado e esse engano foi fatal! Não meus senhores, essa onda vai e volta mas quando retorna não nos deixa a superficie limpida de um lago mas a planície seca e estéril, um rastro de destruição abominável... Essa onda retrocedeu, tanto que diante de mim vejo apenas o solo, solo fértil para que novas plantas cresçam e tragam suas ondas mas ainda assim um solo arrasado. Ainda a vejo no horizonte, ameaçadora querendo voltar... Não sei se a recebo de braços abertos ou se a expulso desta terra de esperança! Ainda aqui crescerá um grande carvalho em que na sombra beberei o orvalho... As arvores sim meus amigos deveriam ser o sonho dos homens, são firmes e robustas, não nos negam sombra e frutos, não se alterão não se vão... Mas que graça teria um ser tão estatico? Só mesmo tentando e se arriscando para descobrir mas creio que não me contentarei com isso... é... meu futuro é uma onda, desejem-me sorte

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Desconhecida

Desconhecida

Carlos C. acordara cedo como todos os dias e fora até a cozinha preparar seu café da manhã. Após pegar um copo de vidro do armário e encher com um pouco de suco de laranja que ele deixara previamente preparado na noite anterior como já vinha fazendo há 9 anos, ele pegou um pão francês e cortou-o em dois. Levantando-se foi pegar a manteiga e depois, com uma faca larga, passou a manteiga no pão recém cortado. Alternando as mordidas do pão e os goles do suco com uma precisão mecanicamente harmoniosa terminou ambos. Preparou outro pão e encheu outro copo de suco como fazia desde que tinha seus 20 anos e com a mesma cadência mecânica e harmoniosa ingeriu ambos alternadamente, começando pelo pão e terminando pelo suco. Dois pães por dia, por trezentos e sessenta e cinco dias durante nove anos totalizando seis mil quinhentos e setenta.

Após o café, C. tirou o pijama e colocou a roupa de trabalho que já deixara perfeitamente alinhada ao pé da cama assim como fazia desde que começara a trabalhar naquela empresa de apólices de seguros. Vestiu a camisa branca e impecável de sempre, as calças engomadas e perfeitas, as meias brancas que C. sempre fazia questão de puxar até a metade de suas canelas e o paletó preto que ele vestia sempre, não importando o clima.

Foi até a porta e lá pegou seus últimos objetos pessoais, uma caneta que ele ganhara de alguém há muito tempo e que ele não se lembrava bem de quem, sua carteira e as chaves da porta. Com posse das chaves ele encaixou-as em suas fechaduras respectivas, uma de cada vez sendo que após esse procedimento girava a chave respectiva duas vezes para a direita.

Abriu a porta de casa e começou a descer dois lances de escada até que chegou à porta de seu condomínio. Não havia ninguém no hall, pensou que deveria ser muito cedo.

Começou a caminhar rumo ao trabalho, não ficava tão longe de sua casa, apenas uns seis quarteirões, era cedo e não havia porque ter pressa, nunca chegara atrasado daquela forma e ele sabia que não chegaria. Alem disso não havia ninguém na rua para atrapalhar, olhava sua rua que era completamente reta por mais quilômetros do que ele jamais ousara pensar e nenhuma figura se movia, nenhum corpo a cortava correndo atrasado para um compromisso, nenhuma briga nas casas ao redor, as pessoas deveriam estar dormindo ele pensou, há muito tempo não ouvia o casal do prédio 7 da rua R. despedindo-se ao pé da escada, com as crianças atrás. Acho que conhecia aquelas crianças, ele pensou mas logo desistiu de lembrar, não daria em nada.

Continuou a caminhar atravessando três dos seis quarteirões quando parou no semáforo de pedestres. Nenhum carro cruzava a grande avenida em nenhum sentido mas isso não era bom motivo para quebrar uma regra tão banal.

Mal havia dado dez passos do outro lado da avenida quando fui interpelado por Vitor M., meu amigo chegou exibindo seu tradicional sorriso introspectivo me estendendo a mão enquanto caminhava ao meu lado. Apertei sua mão e perguntei como andava. Respondeu que estava tudo bem, que as coisas corriam como o planejado, nesse momento ele realçou seu sorriso sem ainda mostrar os dentes. Disse que era maravilhoso e dei um riso leve. Ele devolveu-me a mesma pergunta e eu respondi com sinceridade. “Entendo” ele disse e então parou e colocou o pé em um banco do parque para amarrar seus cadarços soltos.

Como Vitor trabalhava numa empresa de urbanismo no fim da próxima rua depois da avenida ele sempre cortava caminho pelo parque. Era um local agradável, eu mesmo sempre vinha por aqui mesmo tendo de voltar para a calçada no final. Muitos conhecidos paravam para olhar a estátua de bronze de algum general em seu cavalo, para conversar sobre as novidades antes que cada um se separasse para ir para seus trabalhos.

Continuamos a andar e, perto da praça no centro do parque, pedi para sentar e descansar. Ele puxou algum assunto que não me lembro, não dei muita atenção a ele. Observava uma bela garota, minha bela desconhecida. Tinha mãos tão delicadas, sentava com as pernas cruzadas com uma elegância acima da realeza. Sempre estava no mesmo banco, olhando a estatua ou escutando os pássaros.

Levantamo-nos e continuamos nosso caminho, passamos por ela e nesse momento meu coração acelerou, a primeira vez que tomava conta de sua presença naquele dia. Passamos por ela e a deixamos para traz, a sensação de mal estar ficou com ela. Cruzamos no caminho com Samael V., homem forte e queixudo que trabalhava de vendedor na loja Hemmils&Connels. V. cumprimentou-me afavelmente com um abraço forte que quase me fez perder o equilíbrio, com um sorriso debaixo de seu grande bigode perguntou da vida e da existência e respondi o mesmo que a M., Samael alargou o sorriso e assentiu. “Tenho de ir, estou atrasado para abrir a loja”, dissemos que também tínhamos de ir, me deu um tapinha muito forte nas costas e saiu andando, para Victor ele mandou um aceno com uma declaração de algo como “Até mais Vit!”

Chegávamos ao fim do parque, Vitor, com seu aspecto magro e abatido olhou longamente a grande distância entre ele e seu escritório antes de estender-me novamente a mão para poder partir.

Três quarteirões depois estava na porta do escritório. Atravessando o caminho do pátio do edifício em forma de U em que trabalhava C. abriu a porta e olhou a cadeira vazia do vigia que cuidava da porta e da freqüência dos empregados.

Marcou a presença no cartão e dirigiu-se a sua respectiva escrivaninha. Ninguém no caminho, ninguém nos corredores até chegar à porta de madeira barata de seu escritório.

Carlos trabalhava numa pequena sala que ele dividia com outra pessoa, mas seu companheiro de trabalho não estava ali, atrasara-se provavelmente ele pensou.

Deu uma rápida olhada nos relatórios do companheiro ao passar pela mesa dele. O primeiro datava de ontem assim como a sua própria pilha de relatórios.

Tirou o paletó e, como sempre fazia, colocou-o em sua cadeira. Tirou a carteira e as chaves e colocou-as no lugar de sempre. Pegou depois sua caneta e se arrumou para começar as tarefas do dia.

O trabalho de C. era o de aprovar ou não o pedido de apólices, um trabalho levemente angustiante mas que após um tempo perde qualquer efeito sobre a alma humana, acostuma-se.

Particularmente naquele dia ele teria de julgar o pedido de uma viúva que perdeu o marido em um acidente numa construção. Uma das vigas que estava sendo levada para o alto soltou-se e caiu sobre a vitima. Seria um processo até que bem simples visto que havia muitas testemunhas e o relatório era, portanto, muito detalhado. Carlos soube, por exemplo que o responsável foi um dos funcionários que colocou uma porca mas não a rosqueou devidamente, soube também que haviam mais funcionários embaixo da viga e que um deles foi empurrado para fora da rota da viga pela vitima. O ponto que ele julgou mais inútil naquele relatório tão cansativamente longo foi o depoimento por extenso de um dos funcionários que relatou em três momentos que os filhos da vitima tinham passado por ali a menos de meia hora e cumprimentado o pai.

Havia ainda um relatório sobre o referido acidente na construtora, um acidente de carro com quatro vitimas e a queda de um pintor que quebrou uma das pernas no acidente, entre outros.

Carlos leu a todos eles e aprovou o alguns pedidos e negou outros como o do acidente de carro devido ao fato de que das quatro vitimas apenas uma estava efetivamente segurada mas esta não usava o cinto na ocasião do acidente.

Quando terminou o relatório faltavam apenas cerca de quinze minutos até a hora de sair. Levou seus relatórios até a mesa do chefe e lá os deixou visto que ele não estava, deveria ter saído, ou não, não sabia, talvez tivesse se atrasado também.

Tomou um gole de café que ficava na mesa no corredor, estava quente mas fraco demais, mesmo assim não reclamou.

Voltando ao escritório olhou a mesa do companheiro, ainda não chegara, nunca veio pelo que podia se lembrar, ninguém nunca aparecia na verdade. Isso é problema do chefe ele pensou enquanto vestia o paletó e colocava novamente nos bolsos a carteira, as chaves. Antes de sair olhou para baixo e viu a caneta no lixo, a carga acabara e era inútil, pensou em porque estava observando mas logo percebeu que não chegaria a conclusão e foi em direção à porta.

Passou pelos corredores iluminados pela fraca luz ao fim do expediente, lá fora uma escuridão sufocante era contida pelas luzes da rua. O vigia não estava e só o seu cartão encontrava-se pendurado.

A rua era tão reta e tão longa que as luzes pareciam unir-se no final, era como percorrer uma montanha com uma saída em cada extremidade, uma caverna alta fria e iluminada por postes com grandes lâmpadas de 100 W.

Algumas pessoas reuniam-se na praça no centro do parque. Eu andava com o rosto baixo, abatido por algo que eu desconhecia. Levantava a face atraído por alguns sons que me pareciam estranhos, por risos ou gritos de alegria ou fúria. Sentou então no mesmo banco em que sentara hoje de manhã.

Coloquei a mão no bolso do peito da camisa mas nada senti entre minha mão e meu peito alem do tecido leve. Aquilo me afetou de uma maneira que eu ainda não compreendo, apenas percebeu que pela segunda vez naquele dia sentiu seu coração. A saída foi afastar a mão do bolso.

Fiquei sentado ali mais um pouco de tempo observando o banco em que ela sentara, fiquei cerca de quatro minutos até que C. decidiu levantar-se e caminhando rapidamente aproximou-se do banco.

Ajoelhei-me e coloquei ambas as mãos naquela laje de concreto, senti que ele tinha algo de importante para mim que eu desconhecia, talvez fosse por causa da garota, talvez a caneta, talvez as crianças do prédio 7, talvez... não... ou será que sim?

Por um rápido momento todas essas duvidas foram assopradas por um pensamento, uma decisão que me animou como nunca, amanha eu falaria com ela, me aproximaria desse banco e diria algo, um oi, um ola, pegaria o telefone dela, deixaria essa solidão, essa clausura, todos podem ser felizes quando se tem um braço para nos acompanhar num passeio... sim, amanha logo na manha resolveria todos os dilemas, esse banco continha as respostas que anseio e ela tinha a chave para revelar esses segredos... amanhã!

Caminhei pelo parque, saia dele diferente de como entrei, saia com a cabeça alta apreciando o efeito das luzes nas folhas.

No caminho encontrei novamente Samael, mas agora ele vinha acompanhado de uma bela garota de cabelos ruivos, cintura fina e quadris largos. Os grandes braços de meu amigo contrastavam demais com a suavidade de sua companheira. Ao me ver estendeu o braço livre e, não sei porque, estendi um sorriso de orelha a orelha e abracei-o com uma das mãos enquanto dava tapinhas no seu ombro. Lembro de ter perguntado entre prazerosas gargalhadas o que ele fazia aqui tão tarde. Respondeu-me que estava passeando com Lenina um pouco (a moça cumprimentou-me nesse momento e eu retribuí), logo depois me perguntou o que acontecera comigo. Respondi e recebi em troca um empurrão no ombro, uma gargalhada e uma declaração semelhante a “esse é meu pequeno Carl”.

Nosso encontro não foi muito alem disso, logo nos desvencilhamos um do outro, queria ir logo para casa, mal podia esperar o dia seguinte e tenho certeza que Samael também queria chegar em casa.

Carlos parou no semáforo. Nenhum carro cruzava a grande avenida em nenhum sentido, mas isso não era bom motivo para quebrar uma regra tão banal.

Caminhou três quarteirões até que finalmente chegou a porta de sua casa. Subiu os dois lances de escada, tirou as chaves do bolso e usou-as para destrancar a porta de casa. Após essa operação envolveu com a mão a maçaneta de latão e abriu vagarosamente a porta.

Na sala tirou a carteira e colocou as chaves na mesa. Sentiu falta de algo, lembrou da caneta e suspirou.

C. foi para o quarto e despiu-se, colocou seu paletó e as calças no pé da cama junto com uma camisa limpa. No banheiro, lavou-se e foi para a cozinha cuidar do suco. Tirou a água da geladeira, as laranjas da cesta e preparou tudo.

Carlos levou o lixo para fora e trancou a porta, foi para seu quarto e deitou-se.

Na manhã seguinte Carlos C. acordara cedo como todos os dias e fora até a cozinha preparar seu café da manha. Após pegar um copo de vidro do armário e encher com um pouco de suco de laranja que ele deixara previamente preparado na noite anterior ele pegou um pão francês e cortou-o em dois. Levantando-se foi pegar a manteiga e depois, com uma faca larga, passou a manteiga no pão recém cortado. Alternando as mordidas do pão e os goles do suco com uma precisão mecanicamente harmoniosa terminou ambos. Preparou outro pão e encheu outro copo de suco e, com a mesma cadência mecânica e harmoniosa, ingeriu ambos alternadamente, começando pelo pão e terminando pelo suco.

Após o café C. tirou o pijama e colocou a roupa de trabalho que já deixara perfeitamente alinhada ao pé da cama. Vestiu o camisa branca e impecável de sempre, as calças engomadas e perfeitas, as meias brancas que C. sempre fazia questão de puxar até a metade de suas canelas e o paletó preto que ele vestia sempre, não importando o clima.

Foi até a porta e lá pegou sua carteira e as chaves da porta. Com posse das chaves ele encaixou-as em suas fechaduras respectivas, uma de cada vez sendo que após esse procedimento girava a chave respectiva duas vezes para a direita.

Abriu a porta e começou a descer dois lances de escada até que chegou à porta de seu condomínio. Não havia ninguém no hall, pensou que deveria ser muito cedo.

Seguiu pela avenida infinitamente retilínea para chegar ao seu trabalho. C. percorreu três quarteirões até chegar à grande avenida que cortava ao meio seu trajeto.

Carlos parou no semáforo. Nenhum carro cruzava a grande avenida em nenhum sentido, mas isso não era bom motivo para quebrar uma regra tão banal.

Ao atravessar a rua como sempre, C. parou para observar a nova construção que se erguia no lugar do parque, um tapume róseo ocultava todo o interior, não era mais possível ver a grande estatua de bronze que podia ser vista de longe. Uma única placa indicava que ali seria construída uma loja da Hemmils&Connels.

Carlos sentiu de repente uma angústia, deixou escapar um suspiro, um último suspiro, depois ele pensou que pelo menos não teria que ir muito longe aos sábados para fazer as compras semanais. Olhou o relógio de bolso, chegaria cedo naquele dia, mas mesmo assim se pôs a andar, não havia nada mais ali ele pensou não sabendo bem o porquê.

Três quarteirões depois estava na porta do escritório. Atravessando o caminho do pátio do edifício em forma de U em que trabalhava abriu a porta e olhou a cadeira vazia do vigia que cuidava da porta e da freqüência dos empregados.

Nunca aquele homem viu o vigia, nunca aquele homem viu o colega de trabalho, nunca viu seu chefe, nunca aquele homem pontual e eficiente verá alguém em toda a sua existência nesse mundo.

domingo, 14 de outubro de 2007

O TEATRO MUNICIPAL

Majestoso, colossal, belíssimo, ricamente decorado, soberbo, maravilhoso... vidros grossos, lindos, límpidos como o mais puro cristal que pareciam transparecer imagens mais belas do que os próprios objetos que se encontravam do outro lado. Quadro de valquirias e nereidas, espelhos que pareciam ser feitos da mais pura prata, candelabros dourados, órgãos incrustados na parede... abertura com a primavera de Vivaldi, ouvir as danças húngaras, surpreender-se com um compositor argentino ou descobrir que existiam compositores no Brooklin... maravilhoso, estupendo, faz um fim de semana valer a pena... E a companhia era simpática embora estivesse incompleta

domingo, 16 de setembro de 2007

Lembranças

Dediquei a ela um dia um trecho de uma musica de Frank Sinatra:

" She takes the winter and makes it summer
And summer could take some lessons from her"

Particularmente eu inverteria verão por inverno e de fato ela concordou...
Tantas frases belas naquela musica... acho que vou deixar essa dedicada a ela...

"When she speaks you would think it was singing
Just hear her say hello"...

"No angel could replace" her... certo... Definitivamente é uma bela musica... ainda cantaremos juntos... um dia cantaremos... se não... bom... cantaremos!

sábado, 15 de setembro de 2007

Qual a verdadeira - BOUDELAIRE, Charles

"Conheci uma certa Benedita que enchia aa atmosfera de ideal, cujos olhos semeavam o desejo da grandeza, da glória e de tudo o que faz crer na imortalidade.
Mas essa menina miraculosa era bela demais para viver muito; assim morreu dias depois de tê-la conhecido e fui eu mesmo que a enterrei, bem fechada num caixão de madeira perfumada e incorruptivel como os cofres da índia.
E como não despregava os olhos do lugar onde desaparecera o meu tesouro, subitamente vi uma pessoinha que se parecia singularmente com a defunta e que, pisoteando a terra fresca com violência histérica e bizarra, rindo muito, dizia: "Sou eu a verdadeira Benedita! Eu, a grande canalha! E para puní-lo por sua loucura e cegueira, me amará como sou!"
Mas respondi furioso: "Não, não e não!" E para melhor sublinhar a recusa bati tão violentamente com o pé na terra que minha perna afundou até o joelho na sepultura recente e, como um lobo que caiu na armadilha, para sempre talvez, fiquei preso à fossa do ideal"

Num primeiro momento não havia entendido o texto mas agora sinto como se fosse feito para mim... O pior de tudo é que ainda assim Benedita está correta... "me amará como sou!"... De fato é o melhor a se fazer... a recusa, como dito, nos prende a fossa do ideal (uma palavra bem forte, é como se o tumulo de antes, onde jazia o ideal da amada, fosse agora um buraco onde atiram-se os dejetos). Melhor aceitar de uma vez Benedita como ela é... de fato os mortos dão bons conselhos... agradeço a Baudelaire... matamos ideais, matamos preconceitos, matamos velhos pressupostos romanticos para vivermos nessa sociedade conturbada. Para cada nova Benedita prevejo um novo enterro, nada poderei fazer a respeito, o ideal surge antes mesmo do amor... Ainda assim não desjo novos enterros, um me basta... Será que ainda tenho o pé na fossa... talvez... bom... dane-se, ainda estou de bom humor

domingo, 9 de setembro de 2007

Wheels Of Confusion

Long ago I wandered through my mind
In the land of fairy tales and stories
Lost in happiness I had no fears
Innocence and love was all I knew
Was it illusion?

Soon the days went passing into years
Happiness just didn't come so easy
Life was born of fairy tales and daydreams
Innocence was just another word
Was it illusion?

Lost in the wheels of confusion
Running through furnace of tears
Eyes full of angered illusion
Hiding in everyday fears

So I found that life is just a game
But you know there's never been a winner
Try your hardest, just to be a loser
The world will still be turning when you're gone
Yeah when you're gone!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Maldito pecado!

Como não percebi, tudo me dizia para evitar, estava apreensivo, de fato não queria ir nessa maldita festa mas achei que era só uma preocupação besta... pois bem, fui.
Naquele dia de manha abri a apostila de projeto no metro visando analizar alguns poemas de Goethe, seria bom começar um dia romântico com poemas românticos... não foi o que ocorreu. Foleando a apostila encontro "o corvo" e o leio, leio com atenção e percebo tantos detalhes, finalmente entendo que o corvo nada mais é do que a razão, o corvo é a verdade, a verdade que nos grita "nunca mais"... De fato sinto isso... Nunca mais... Mas se nunca mais for minha verdade então o que há de ser do meu futuro? É o segundo dia... não tenho condições de responder nada!
Lí o corvo, ainda tinha um tempo e procurei Goethe, não que ele seja um poeta muito alegre mas o único poema que eu lí tratava de lágrimas de amor, uma previsão amarga de como terminaria esse dia... "Não sequeis não sequeis/Lagrimas de infeliz amor!". Não posso deixar de discordar inteiramente de tal poema... lagrimas não são boas... embora de fato o mundo pareça ermo e morto quando nossos olhos se encontram secos... muito bem... soluços e contorções lacrimais são de fato incomodas mas não são menos do que os olhos secos diante da situação incorrigivel... Muito bem Goethe, vencestes... "Não sequei não sequeis lágrimas de infeliz amor"
Chego a festa e ela demora bem umas 2 horas... até ai nada de mais. Conversamos lindamente até que vem o primeiro beijo... o primeiro depois de 6 meses... tão desagradavel, tão... insípido! "Adimita Rodrigo, você não sabe dançar..." foi o próximo golpe... que dor... sou um idiota... Bovary pós-moderno... um panáca... não sei dançar... sei mas não sei... maldita situação... "Eu gosto de você mas quando ví hoje percebi que não ia rolar" penultimo golpe... 6 meses destroem, 2 dias dão uma ideia falsa de que o amor é perene mas não se cimenta um amor em dois dias! Mas até aqui tudo bem, poderiamos tentar outro dia, o ambiente era terrivel, nada romantico! Ela suava de calor, mal podiamos caminhar e ela é quem praticamente abria caminho para mim, me tomava pela mão e me puxava, ela que hoje admitiu gostar de ser encaminhada, de ser levada na relação, de... não posso dizer assim... sou realmente um panaca, tolo, um paspalho... maldição.
Golpe final, brincadeira simples, nada de mais. Coloquei a mão nos olhos dela brincando, brincando de querer evitar de ela ver um cara que disse que iria tirar a camisa... afasto as minhas mãos e depois ela grita... fica assustada... colérica por um segundo, deixa sair um palavrão, realmente me chinga e ao perceber tal atitude praticamente encolhos os ombros em submissão (idiota, panaca, palerma, sencivel, paspalho, submisso, idiota sem reação, detestavel, mediocre, sim, mediocre). Perdera as lentes, minha cara perdera uma das lentes. Me baixei para procurar, nunca vi uma lente na vida então o que eu procurava? (se não bastasse é inculto também!) Desisti... "Caiu mais para longe ela disse" mas não adiantava mais, já teriam passado por cima. Grande coisa diriam mas lembrem-se que por 8 meses ela ficou trancada por brigar com a irmâ, tinha acabado de recobrar a liberdade e eu tirei, numa brincadeira infantil tirei todas as esperanças de libertade dela! Ela ficou triste, calada, resoluta, um anjo tão deprimido, a imagem ainda me dilacera o coração... doi... maldita hora que acordei naquele dia... maldita hora que aceitei essa festa... nunca vou poder acompanha-la numa balada pois não sei dançar, porque não sei beijar, agarrar, porque sou desastrado... em suma... porque nunca fui um amante!
Duas vezes ela tentou acariciar-me e nas duas fugi... não sei porque, não entendo... ela fugiu uma vez tambêm quando eu tentei... pânico... isso me dilacera mas tenho de escrever. Não quero contar os detalhes mais de uma vez e preciso tirar isso de mim de alguma forma... Ela estava triste... anjo calado... cansada... deprimida... como se sentisse já os grilhões pesados lhe apertando os tornozelos... maldição.
Adiantamos a partida. Ela se foi. A ultima coisa que vi foram as costas dela entrando no carro. Lá se foi minha Barbara. Mas a vida ainda guardava sua ultima surpresa... a chave para perceber todos esses sinais... ao lado da entrada da festa havia um pequeno cartaz: "Abandonai aqui toda a esperança"... o final perfeito, até parece planejado... de fato minha vida é um filme... só não esperava esse desfecho!
Dia 6/09/2007 era para ser um recomeço, uma data para marcar a volta do casalzinho feliz! Foi um marco e há de ser lembrado! O dia em que tudo acabou! As ilusões romanticas escorrem... e o idiota insiste em esperar... insiste em querer uma ultima chance num lugar aceitavel... eu insisto num recomeço... Estou em pânico... As mulheres não são perfeitas, nenhuma presta, nenhuma me aceita... sou um deslocado... deslocado... deslocado que jogou as esperanças no lixo ao lado de uma lente partida... uma lente tão importante e que agora jaz entre lixo ordinário...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

DELETEI O QUE HAVIA AQUI!!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Registros de um passado remoto - II

Novamente bisbilhotando minhas coisas encontrei mais alguns detalhes interessantes. Uma frase minha boa o bastante para que eu deixe aqui mas inútil demais para que eu perca espaço do computador (Pelo carinho que presto a esta filosofia notasse-se que não me tocou tanto quanto "Registros de um passado remoto - I"embora não seja ruim)

"Quando todo o amor e a felicidade some como fumaça nos agarramos na pedra que nos sustenta, para uns essa pedra é deus, para outros é a razão e para outros a coragem, o importante é que você deve se agarrar nela durante a tormenta pois aqueles que aquentarem até o próximo dia terão a chance de reconstruir seus sonhos."

sábado, 18 de agosto de 2007

Coisas úteis sobre o mundo lá fora. - Parte III

Hoje conheci uma garota na orientação vocacional que falava alemão, inglês e estava aprendendo espanhól. Comicamente a garota não disse praticamente nada a "aula" inteira. Engraçado uma pessoa saber tantas linguas e praticamente não usar a lingua natal. Realmente engraçado.

sábado, 11 de agosto de 2007

Momento Cultural nº3

Exuberante vêm da junção do prefisso "ex" que indica algo que esta ou se encaminha para fora e da palavra "úbere" que significa seios. Literalmente, portanto, exuberante significa "seios para fora"

Momento Cultural nº2

"Ódos" significa caminho ou estrada em grego e que, portanto, exodo significa "a estrada que leva para fora" visto que o prefixo "ex" indica algo externo ou que encaminha-se para fora

Momento Cultural nº1

Anestesia vem da junção do prefixo grego "a" que indica ausencia e do termo grego "aísthesis, " que significa sensação. Portanto anestesia significa ausência de sensação.
Nessa mesma linha de pensamento a palavra sinestesia vem da junção do prefixo grego "syn" que significa juntamente e a palavra "aísthesis, de forma que sinestesia é uma sensação compartilhada ou que ocorre simultaneamente

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Conselhos para mim

Segundo uma pessoa eu tenho de me abrir. Eu estou extremamente infeliz e deprimido... de onde eles tiraram essa idéia? Hey, se você (você sabe de quem estou falando) estiver lendo é bom tentar me explicar como se abrir pois se não o conselho será inutil (até agora não me afetou)... Eu não queria ter escrito isso mas estava com pena do meu blog. Não queria que ele se sentisse abandonado. Aproveitando o gancho vou deixar esse post para eventuais conselhos que alguêm queira deixar para minha pessoa.

domingo, 29 de julho de 2007

The Wall

"Mother, will she break my heart?"

Não sei porque mas quiz escrever isso...

segunda-feira, 23 de julho de 2007

domingo, 22 de julho de 2007

Coisas úteis sobre o mundo lá fora. - Parte II

O telefone tende a tocar mais vezes quando? (ordem crescente)
1º - Estamos sozinhos em casa
2º - Estamos sozinhos em casa e entramos (ou estamos para entrar) no banheiro
3º - Estamos sozinhos em casa e entramos (ou estamos para entrar) no banheiro e estamos de férias

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Coisas úteis sobre o mundo lá fora. - Parte I

Se um dia algum de vocês for visitar as novas instalações da livraria cultura na paulista saibam que tostado parisiense nada mais é do que um pão de forma gigigante, tostado e com com queijo e presunto. Em termos simples é um misto quente.

sábado, 14 de julho de 2007

Absolutamente nada util ou interessante

É tão chato quando querermos tentar matar a saudade e dá tudo errado...

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Trechos interessantes de "O guia do mochileiro das galáxias" - parte 1

sobre Disaster Area:
"uma banda de rock plutoniano..., é geralmente tida não apenas como a mais barulhenta de toda a galáxia mas também como o maior de todos os barulhos. Os frequentadores habituais dos shows dizem que o melhor lugar para se ouvir um bom som é dentro de grandes bunkers de contreto a 60 quilômetros do palco..."
"Muitos planetas já baniram suas apresentações, algumas vezes por razões artísticas, mas em geral pelo fato do equipamento de som da banda infrigir os tratados locais de limitações de armas estratégicas"

domingo, 1 de julho de 2007

A titulo de esclarecimento

No momento revogo tudo que foi dito nas 2 postagens anteriores, está tudo bem agora... espero

sábado, 30 de junho de 2007

Vou afogar minhas magoas num bolo de chocolate

É isso ai, e ai daquele que tirar ele de mim

Como devo ser complacente

É isso. Sou bonzinho demais... Essas férias se aproximam com um inverno rigoroso, vejo as nuvens negras a ameaçadoras sobre um campo morto e congelado, o lago como cristal coberto de flocos e eu, preso em minha casa, esperando o próximo contato... trinta dias... trinta... e depois musica latina? Uma dama com seu par para me afrontarem, para rirem de mim e debocharem de minha espera? Quanta consideração! Escolha perfeita minha cara! Dane-se a carta... não deve te importar o poema de um qualquer congelado... muito bem gente, quero ouvir snowblind, hoje e sempre... será a musica que estará tocando quando o cavaleiro cair, vocês tem minha palavra!

Antes que eu esqueça

Estava eu um dia conversando com um amigo (leia Lex) sobre quais exercicios de um trabalho em dupla cada um iria fazer
- Vamos jogar uma moeda para decidir quem fica com os pares e quem fica com os impares - eu disse
- Certo...
Peguei a moeda na minha mala
- Ok - disse Lex - Cara eu fico com os pares
- E se der coroa eu fico com os impares
- Tá
Ele joga a moeda e da cara
Nos entreolhamos
- Espera... isso vai dar na mesma - disse ele
- Eu sei (risada diabólica)

Tá... só isso mesmo

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Registros de um passado remoto - I

Eu achei esse trecho escrito num e-mail salvo como rascunho no meu hotmail e endereçado para dd (não me perguntem quem é). Provavelmente está incompleto e eu não me lembro de ter escrito isso. Considerando que ele está marcado como sendo de 14 de fevereiro e antes dele havia um e-mail salvo do dia 29 de novembro que eu mandaria para Helena e nele constava que eu acabara de criar minha conta e queria o hotmail do pessoal da minha antiga escola (sendo que eu criei meu msn em 2004) provavelmente esse trecho deve ser de 14 de fevereiro de 2005, falta saber para quem era. Ainda assim espero que encante alguêm como me encantou, não me atrevi a corrigir uma vírgula, está como lí, talvêz seja melhor assim.

vós sois bela donzela,por vos muitos corações hao de cair,mas como nem todos gostam dos belos sabores e odores,vos acabas se sentindo despresada,olhais para o futuro bela donzela, pois o trem não para e as estaçoes correm rapido,preste atençao nos detalhes ou ao ponto final irás chegar

sábado, 16 de junho de 2007

Onda

Agora sei porque no romantismo o amor é um mar! Esse sentimento é como uma onda, e o pior é que eu tenho clara consciencia disso, sei que ao encarar novamente aqueles malditos novamente temerei, novamente pensarei que ela é um monstro, que devo ficar atento... então eu ligo... ouço a voz e.... assim como um mar furioso acalma-se e se torna um belo reflexo da natureza, do sol e do céu, a voz dela me acalma o bastante para me sentir tranquilo mas só revê-la poderá fazer a natureza se refletir novamente nessa alma turva.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Finito

Ufaa!!!! Mover um blog inteiro cansa!

Chanson Jun 14, '07 8:45 PM

CHANSON de Alfred de Musset

Disse a meu peito, a meu pobre peito:
- Não te contentas com uma só amante?
Pois tu não vês que este mudar constante
Gasta em desejos o prazer do amor?
Ele respondeu: - Não! Não me contenho;
Não me contento com uma só amante.
Pois tu não vês que este mudar constante
Empresta aos gozos um melhor sabor?
Disse a meu peito, a meu pobre peito:
- Não te contentas dessa dor errante?
Pois tu não vês que este mudar constante
A cada passo só nos traz a dor?
Ele respondeu: - Não! Não me contenho;
Não me contento desta dor errante...
Pois tu não vês que este mudar constante
Empresta às mágoas um melhor sabor?

Canudinhos de Plasticos Jun 6, '07 8:14 PM

Hoje eu ví um cara mastigando um copo de plastico e lembrei do baile, do momento em que fiquei passeando para lá e para cá com a Bá enquanto eu mastigava um canudinho de plástico... Memórias... Que Horror

Odeio Cuba,odeio escola de samba, odeio você! Jun 1, '07 8:38 PM

Odeio Cuba,odeio escola de samba, odeio você!

saiamos um pouco do tom depressivo, cantemos... cantemos... Jun 1, '07 8:12 PM

There's a Hole at the Bottom of the Sea
There's a hole at the bottom of the sea.
There's a hole at the bottom of the sea.
There's a hole, there's a hole,
There's a hole at the bottom of the sea.

Now there's a log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a log in the hole at the bottom of the sea.
There's a log, there's a log,
There's a log in the hole at the bottom of the sea.

Now there's a bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a bump, there's a bump,
There's a bump at the bottom of the sea.

Now there's a frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a frog, there's a frog,
There's a frog at the bottom of the sea.

Now there's a wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a wart, there's a wart,
There's a wart at the bottom of the sea.

Now there's a fly on the wart on the frog . . .
Now there's a fly on the wart on the frog . . .
There's a fly, there's a fly,
There's a fly at the bottom of the sea.

Now there's a wing on the fly on the wart . . .
Now there's a wing on the fly on the wart . . .
There's a wing, there's a wing,
There's a wing at the bottom of the sea.

Now there's a flea on the wing on the fly . . .
Now there's a flea on the wing on the fly . . .
There's a flea, there's a flea,
There's a flea at the bottom of the sea.

Now there's a wing on the flea on the wing . . .
Now there's a wing on the flea on the wing . . .
There's a wing, there's a wing,
There's a wing at the bottom of the sea.

Now there's a speck on the wing on the flea . . .
Now there's a speck on the wing on the flea . . .
There's a speck, there's a speck,
There's a speck oat n the bottom of the sea.

Now there's a germ on the speck on the wing on the flea on the wing on the fly on the wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a germ on the speck on the wing on the flea on the wing on the fly on the wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a germ, there's a germ,
There's a germ at the bottom of the sea!

Vida cavaleiro Jun 1, '07 8:10 PM

Ali está, abaixo a viseira do capacete, é chegada a hora.
O cavalo ainda caminha calmamente, alienado do perigo que enfrento, nem ele está comigo.
Bato com força com as esporas e a besta parte a toda, galopante. A lança, erguida e altiva corta o ar enquanto sua ponta de ferro observa do alto o seu alvo.
O monstro esta diante de mim, não posso falhar, não poderia... não, não posso perder novamente, é agora.
Novamente observo minha dama nas garras da besta, mas não por muito tempo, não falharei, a salvarei, terei ela em meus braços e a criatura a meus pés
A hora é chegada, a distância diminuiu. Com o meu urro derradeiro apoio a base da lança entre o braço e as costelas enquanto a sua ponta letal prepara-se para o choque.
10 metros... 9 metros... 5 metros... a besta a dois metros de mim, é agora, sim, hoje ela tombará e eu sairei vitorioso... meio metro, sim, não há como escapar....
!...
Novamente continuo minha jornada, não foi hoje, a exaustão já se mostra em minhas faces. Mando o corcel trotar enquanto descanço a lança na sela. A os cascos fazem farfalhar a relva húmida enquanto o sol se poem na estrada a minha frente. Hei de vencer a besta, todas aquelas que a dão forma. Hei de ver minha dama, hei de tela em meus braços... acho q ela deseja isso... acho que... morrerei tentando, só tenho certeza disso.

IN CONSTRUCTO May 8, '07 9:26 PM

Os mais sensíveis do que eu (caso existam) que me perdoem, mas usarei de exemplo uma vaca.

Quando uma vaca é comprada o proprietário trata de queimar no couro dela a sua marca.

Tal marca some conforme a pele se cura e, se não for refeita com constância, pode passar despercebida. Tal propriedade é extremamente útil pois assim, quando o animal for vendido, a marca antiga será curada enquanto uma nova pode ser queimada no couro. Um bom dono trata com cuidado a marca antiga para que ela cicatrize bem e possa, sobre ela, colocar a sua.

Uma marca mal feita e não renovada em um animal, que já teve outro dono, pode ser confundida com a marca antiga. Ao ser encontrado, embora uma delas se sobressalte, ficará dificil distinguir com claresa o dono do ser.

Animais arredios que andam livres por ai precisam ter bem clara a marca de seu senhor pois são estes os mais propícios a se perderem, o que não dispensa os animais mais mansos do brasão de fogo.

Novamente minhas desculpas aos minquados mais senssíveis mas agora vem a grande pancada. Pensemos no coração como essas vacas, porem nele o significado da marca é mais complexo.

Um coração que já foi marcado várias vezes conseque esperar mais tempo pela realização pois já foi satisfeito várias vezes durante sua existência e, por mais que se incomode, estará muito disposto a esperar, se necessário for, o tempo necessário para realizar seus desígnios amorosos.

Um coração que mal foi tocado pelo seu amor não é marcado a fogo e sim a tinta. Por mais que ele reverencie essa marca a tinta se desfaz, é absorvida e, com o tempo, borra. Se, depois de longa ausencia, o encontro entre os amores for rápido, então novamente a marca será feita a tinta. A marca com o tempo vai borrando e, chega um momento, se torna grotesca e insuportável.Corações assim só resistem a uma situação como esta caso se atrelem voluntariamente e com todas as suas forças a uma paixão. Se esses mesmos corações marcados a tinta passarem a conviver e a sofrer juntos, todos os dias, as suas paixões, a marca de tinta será substituida pelo laço incandecente e profundo que existe em toda o amor infinito e inquebrantável.

Novamente Goriot e minha vida. Efeito das saudades May 7, '07 8:51 PM

Grande Tolo.

Não falei com ela. Deveria ter ligado mais cedo. Idiota. Ela também nem para avisar. E os tolos que me cercam (vocês sabem quem), as pedras que me balbuciam suas epígrafes me desencorajaram, atormentaram, me atacaram por tolos os lados de forma que nada pude fazer, finjindo apenas participar.

Grande tolo sou e insenssíveis são os que me carcam. Bando de asnos. Apenas em tí encontro um reduto de felicidade, a dama mais nobre (ou assim acredito).

Me recuso a virar um novo Eugênio de Rastignac, quero me manter o garoto do fundo da província e não gigolô parisiense

Malditos sejam

A segunda coisa menos idiota que já escreví. Na verdade está muito bom, embora pareça um texto resumido (pois de fato é) ainda apresentarei uma versão mais longo. Bem mais longa. Mas isso só num futuro próximo. Quanto aos que conhecem "O imperador ocidental"... bom... não houveram muitas mudanças desde a presente data. Talvez eu coloque-o aqui um dia. Talvez.

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AN LEKE TE AN TERELESKA (O homem e o império)

Aqui vos apresento um conjunto de pedaços de grandes obras para mostrar a todos aqueles descrentes a influencia do estado em nossas vidas. Deixo como introdução as minhas idéias ninguém menos que o grandioso Artan Talueni:

“ ‘Grandes impérios seguem os passos de grandes homens’, assim disse Palegor em seus estudos sobre a história imperial. Não creio que haja muitas duvidas a esse respeito, o que é interessante é que ainda existem uns poucos que se recusam a acreditar na influencia que a vida de uma entidade abstrata como o Estado possa ter influencia sobre nosso próprio ser, nossa consciência de quem somos, o que queremos e para onde pretendemos ir e ,principalmente, que caminhos usaremos para chegar a esse objetivo.”

Artan Talueni – Estudos sobre a consciência de estado e poder

Creio que todos conhecem o conto de Lan-Maltor, o primeiro Samin. Ainda assim vou apresenta-lo seguido de uma breve analise feita em cima dessa peça importante de nossa literatura

LAN-MALTOR

PARTE I

Das colossais muralhas de rocha e homens ao norte até as magníficas praias de areia dourada acariciadas pelo oceano revolto ao sul se estende nosso domínio.

Se hoje nossas vidas se passam tranqüilas e livres de distúrbios se deve a um único homem, o primeiro Samin.

Antes da revolução social e da queda do primeiro império, antes da tomada da capital pelos habitantes das ilhas, antes da emancipação feminina, antes dos primeiros combates expansionistas contra os nômades do deserto, antes de qualquer teoria a respeito de organização e disposição militar, na época em que sacerdotes ditavam o rumo da religião e dos ritos e diversas famílias de nobres dividiam entre si o poder sobre os homens e as coisas surgiu um sábio que decidiu por fim a essa vida de desunião e franqueza para fazer nascer da ruína o mais vistoso e poderoso de todos os dragões.

Samatréa era uma aldeia localizada próxima a união dos rios Terun e Menur, cercada de um lado por uma densa floresta e pelo outro de uma enorme planície cultivável que se estendia até a junção dos rios. Nesse prospero lugar nasce o Lan-Maltor.

[...][1]

Após conseguir o poder sobre a aldeia ninguém ousou contestar seu poder e os poucos que tentaram foram exilados ou mortos em duelos contra o poderoso senhor.

Lan-Maltor, como um soberano de origens humildes, fez diversas reformas que permitiram um aumento da produção de alimentos e uma disposição mais rápida e eficiente de tropas para a defesa da cidade, alem de fornecer armamentos de qualidade e treinamento aos camponeses (algo que nunca um senhor havia feito).

O poder de Samatréa logo ficou evidente, diversos ataques foram feitos contra a vila mas seus soldados bem preparados eram infinitamente superiores as hordas de camponeses famintos armadas com instrumentos de cozinha e liderados por uma parada colorida de nobres orgulhosos, glutões e viciados que não tinham o mínimo condicionamento para lutar contra uma galinha.

Com o passar de poucos meses Samatréa havia dizimado todo o exercito de diversas vilas ao redor e acabado igualmente com diversos de seus lideres bufões.

Lan-Maltor não tardou a revidar e em menos de 8 meses já havia dominado dezenas das vilas que o haviam atacado formando assim o primeiro governo unificado de nosso povo.

[...]

Durante esse período, ao norte, outra vila passava por processo parecido, porem se utilizando de muito mais selvageria ao subjugar as aldeias dominadas. Lan-Maltor sempre era acolhido como um libertador que iria trazer segurança e prosperidade e sempre assim procedia, porem, o povo bárbaro do norte era conhecido por suas atitudes sanguinárias. As vilas atacadas por aqueles brutos se defendiam com todas as suas forças o que só aumentava as mortes e a carnificina depois da conquista.

Não havia outra opção, usar das armas seria impossível para reunir vilas o bastante com o objetivo de resistir aquele povo bárbaro, seria preciso usar da diplomacia.

[...]

PARTE II

[...]

Lan-Maltor foi a cada chefe das aldeias próximas oferecer sua aliança. Para cada um deles teve de oferecer um papel de destaque em sua corte para que lhe fosse entregue a administração de suas vilas, para tal permitiu que os senhores mantivessem o poder religioso em troca de receberem um pagamento mensal e entregarem a administração de suas vilas a Samatréa.

[...]

- Os príncipes me deram suas terras mas irão querer retoma-las se souberem que muitos de seus maiores inimigos fazem parte dessa nova entidade, tenho de concilia-los

Decidido a acabar com as diferenças entre eles Lan-Maltor manda mensageiros para todos os seus aliados convidando-os para uma reunião onde se decidiria importantes questões estratégicas.

Os grandes senhores se dirigiram a Samatréa com suas guardas pessoais. No decorrer do caminho muitos se encontraram e o combate só foi evitado devido ao fato que representantes do próprio Lan-Maltor acompanhavam companhias preparadas para evitar tais confrontos.

[...]

- Peço que não se zanguem comigo, sei que suas famílias se desentendem desde antes da noção de tempo mas está na hora de mudar

- Você reúne o responsável pela morte de diversos de meus iguais e ainda acha que pode haver paz – pergunta o senhor de Altebaran

- Esta insinuando algo? – pergunta o senhor de Nustvaulen

Assim continuou a discussão, Lan-Maltor deixou os ânimos se exaltarem antes de retomar a palavra:

- Senhores, algum de vocês sabe porque essa briga começou? Quem foi o primeiro a matar um membro de suas famílias?

Não houve resposta

- Vocês ainda brigam por um motivo que desconhecem e enquanto isso prossegue uma força unida e destrutiva avança para o sul e nós somos aqueles que estão bem no meio do caminho.

Lan-Maltor Fez um aceno com a mão e dois criados se aproximaram. Um deles colocou diversos gravetos sobre a mesa e um pequeno machado

- Sobre essa mesa vocês podem ver galhos dos mais diversos, uns maiores e outros menores, uns de madeira boa e outros de madeira ruim – disse o senhor de Samatréa.

Pegou o machado e foi dando machadas em cada um dos galhos, não era preciso muita força para quebrar mesmo o galho mais forte. Em pouco tempo todos os galhos foram quebrados

Depois, com outro aceno de mão, um criado colocou sobre a mesa um amontoado de galhos na mesma quantidade e com as mesmas características dos anteriores, porem firmemente presos com cordas. Lan-Maltor levantou-se, ergueu o machado acima da cabeça e desferiu um fortíssimo golpe contra o amontoado de galhos. O machado atingiu com toda a força o bloco, no entanto, poucos galhos racharam e aqueles que se partiram não se distanciaram muito de suas metades. Desferiu outro golpe e o efeito foi o mesmo.

O senhor de Samatréa pousou o machado na mesa e observou. Um dos príncipes levantou-se e se curvou diante de seu senhor. Um a um os príncipes repetiram o gesto até que todos estavam curvados perante Lan-Maltor.

- Agora somos um – disse o primeiro Samin

PARTE III

Enquanto a era imperial começava a se delinear as pessoas simples mantinham seus próprios problemas

- Como pode ser assim minha família? Como podemos viver assim em desacordo?

- Mas pai, a culpa foi dela.

- Não me importa de quem foi a culpa, quero saber porque não estão lá fora me ajudando com o campo.

- Mas pai ela que começou.

- Não importa!

Assim a discussão continuou até o poente quando o camponês simplesmente manda os filhos para o quarto

- Como podes deixar sua família nesse estado? – pergunta a esposa

- Que queres que eu faça?

- Seus filhos não param de brigar e temos de começar a plantar antes da chegada do outono, eu não suporto mais

- Eu sei, eu sei....

Pobre o homem que em seu lar não encontra a paz e que, pelo contrario, nele é onde moram suas angustias.

A desordem estava instalada na casa desse infeliz, seus seis filhos não se davam bem, a mulher o culpava por isso e os pais desse pobre coitado o abandonaram por ser contra seu casamento. Ele precisava pensar em algo

[...]

Estava na hora de por seu plano em ação. Talvez fosse meio drástico mas era preciso faze-lo.

Numa manha de sol o pai chamou todos os filhos para dentro de casa escondendo antes todos os brinquedos e distrações. Conversou longamente sobre a atitudes que eles vinham tendo e advertiu-os de que não lhe agradava vê-los brigando o tempo todo.

Fingindo que ia sair para pegar algumas frutas para eles o pai trancou as crianças na casa e foi dar uma longa volta.

Ao retornar chegou perto da porta e perguntou para as crianças

- Como se sentem meus queridos?

Os pequenos não tardaram a pedir ao pai que os tirassem dali pois não mais agüentavam a presença um do outro.

- Não se preocupe, sairão daí contanto que prometam me fazer alguns favores.

As crianças não tardaram em concordar e o pai as deixou sair.

- A primeira tarefa é a seguinte, estou com muita fome e creio que vocês também então eu quero que vocês colham algumas maças do pomar.

As crianças se animaram, adoravam quando tinham a chance de comer maças mas o pai geralmente estava ocupado trabalhando e raramente tinha tempo de ir até o bosque colher frutas para os pequenos.

- Muito bem então, pequem a escada e vamos

- Pegar o que? – perguntou a filha mais velha

- Eu disse para pegarem a escada. Eu disse que VOCÊS vão colher as maças, não eu.

- Mas pai, não sabemos como! – respondeu o segundo filho mais velho

- Vocês reclamam por eu não ir pegar as maças para vocês, bom, isso é porque eu sempre estou ocupado no campo já que vocês não querem ajudar no plantio e na colheita, então acho que vocês tem de aprender a fazer isso sozinhos

As crianças se entreolharam mas perceberam que o pai não iria ajudar muito. O homem indicou para as crianças onde estava a escada e esperou que elas se decidissem. Demorou muito para que as crianças se organizassem mas conforme a fome e a vontade de comer as suculentas maças aumentava elas foram deixando de brigar e finalmente ergueram a escada com cada um segurando em uma parte, os mais velhos e fortes seguravam a parte de baixo da escada enquanto os menores se juntavam para carregar onde a escada era mais leve.

[...]

Ao final do dia as crianças estavam deitadas na grama descansando e comendo as suculentas maças, todos alegres e felizes com o esforço em conjunto. O pai depois contou algumas histórias e finalmente os pequenos pegaram novamente a escada (dessa vez sem nenhuma discussão) e voltaram alegres para casa

Ao ver a cena de todos os filhos andando juntos e conversando alegremente sem nenhuma briga a esposa do camponês alegrou-se muito com o marido.

As crianças começaram a ir todos os dias até a macieira enquanto o pai e a mãe cuidavam sozinhos da horta e dos animais.

Por dois dias as crianças foram sozinhas até a macieira e por dois dias pediram para o pai que fosse junto até as macieiras para contar as histórias que ele tanto gostavam mas sempre o pai recusava dizendo que precisava terminar o trabalho na horta e com os animais. Assim foi por dois dias. No terceiro dia, porem, quando o pobre camponês foi trabalhar certa manhã encontrou todos os filhos trabalhando perfeitamente em diversas tarefas. Quando questionados o porque de eles estarem trabalhando tão cedo responderam que queriam ajudar para que ele tivesse tempo ao fim do dia para acompanha-los na ida até o pomar.

Assim o dia prosseguiu e em menos de metade do tempo todas as tarefas que o pai teria executado em um dia foram cumpridas e mais algumas. Todos foram então para o pomar, o pai disse que carregaria a escada mas mesmo assim as crianças fizeram questão de levar e trazer a escada todos os dias.

Com a ajuda de todos a fazenda prosperou, as crianças tinham mais para comer, ficaram mais fortes, trabalhavam melhor e tinham cada vez mais tempo para se dedicar as suas amadas e belas macieiras

PARTE IV

Um senhor tem sempre momentos em que deve decidir se a guerra é melhor opção que a rendição. Guerra é fome, morte e desespero, mas às vezes a humilhação pode ser sofrimento maior que a morte.

- O supremo senhor das terras do norte pede ao famoso Lan-Maltor que este se ajoelhe perante seu poder e lhe preste as devidas homenagens para que ele e seu povo sejam poupados.

- Porque imaginas que eu me ajoelharia diante de seu senhor?

- Porque é o correto a fazer

- Infelizmente meu povo vive numa terrível barbárie, não conseguimos compreender seus métodos tão civilizados que consistem basicamente de matar jovens e raptar moças, mesmo que eu me civilize e aceite suas exigências meu povo é ignorante demais para aceitar.

- E de que importa o povo ao soberano.

- Se eu seguir meu povo vocês tentarão obter minha cabeça, mas meus súditos me protegerão com suas armas. Meus súditos me darão de bom grado seus filhos, suas vidas e seus pertences se eu me comprometer em salva-los da humilhação e da servidão. Se eu me submeter ao seu senhor, meu povo bárbaro e inculto não conseguirá entender a civilidade que existe por detrás das carnificinas e arrancará minha cabeça como se arranca a cabeça de uma galinha.

- Tens medo do povo?

- Sim.

O mensageiro vai embora gritando que a guerra virá e que todos eles perecerão. Achando que estavam demorando demais o senhor de Samatréa manda que matem alguns dos guardas do mensageiro. A atitude funciona e o mensageiro parece sumir na fumaça como um espírito agourento.

Lan-Maltor por ter agido errado, temia o medo do povo, será que tinha feito certo? A resposta veio no fim do dia

- Senhor, uma grande multidão se reúne as portas do palácio – disse um dos guardas

Quando saiu pelo portão do palácio encontrou diversos homens desorganizados e muito eufóricos

- Que fazem aqui cidadãos? Porque se reúnem diante de mim?

- Estamos aqui para lutar por Samatréa – disse alguém no meio da multidão

Todos gritaram concordando.

- Mas não temem a morte? Nenhum de vocês?

Todos ficaram quietos. Uns poucos tentavam encorajar um homem que parecia ser o responsável pela reunião. Ele se aproximou e disse:

- Meu senhor, nenhum de nós teme morrer por aquilo que acreditamos.

- Não teme por sua mulher e filhos?

- Se com minha vida eu puder manter o inimigo longe deles assim farei. Prefiro morrer sabendo que fiz o que pude do que viver uma vida pobre e temendo a cada dia pela integridade de meus queridos.[2]

- E como sabem que suas vidas sob o julgo dos invasores não será melhor

- Porque por mais que pensemos não conseguimos imaginar vida melhor nem em nossos sonhos mais delirantes

- Era isso que eu precisava ouvir

Sacando de sua espada Lan-Maltor ordenou:

- Quero todos os marceneiros preparados pois precisaremos de muitos escudo, quero todos os ferreiros trabalhando pois não temos machados o bastante para tantas mãos heróicas.

Toda a cidade soltou urros de aprovação. A maquina de guerra estava sendo formada

[...]

Parte XVII

[...]

A morte de Lan-Maltor an Vapalan, o primeiro dos Samins, foi um incomoda para todos. Ninguém gostou da idéia dele partir desse mundo, mas mesmo os grandes homens tem direito ao descanso final.

Foi construído um gigantesco altar numa planície onde milhares foram assistir a queima do corpo de Lan-Maltor. Todos cantaram, dançaram e beberam enquanto o espírito de seu senhor subia junto à fumaça.

Foram quatro dias de festa todos se divertiram muito [...] mas chegou um momento em que notou-se alguns problemas

Com o fim de Lan-Maltor era o fim de seu império, quem poderia manter todos unidos com a mesma força? Os antigos senhores já planejavam retomar o poder e dissolver tudo de belo que foi construído com tanto trabalho e sacrifício.

Sorte que o sangue é forte.

O filho de Lan-Maltor não permitiu, enquanto a aristocracia decidia se ele merecia ou não o trono de seu pai o garoto de 17 anos pegou a espada e o escudo de seu pai e saiu para o pátio da cidade.

Todo o povo se reuniu a sua volta, ao perceber que todos na cidade o escutavam o jovem Neandir, filho de Lan-Maltor, proclamou:

- Eu sou o sangue de meu pai, enquanto esse filho e os filhos desse filho e os filhos desses filhos ainda estiverem aqui para zelar por todos meu pai nunca morrera”

E assim o império sempre se manteve, crescendo sob o julgo dos fortes e enfraquecendo sob o julgo dos fracos mas nunca há de perecer enquanto os filhos de Lan-Maltor an Vapalan continuarem a zelar com suas vidas por nossa terra pois o Samin é e sempre será o império e o império é nossa vida

Nemeltur Arion - Mitos e lendas do período pré-imperial e do 1º império

Percebe-se nesse texto diversos pontos onde a vida privada e o Estado se fundem. Pode-se exemplificar três tipos. Há o momento em que as ações do estado e da vida privada ocorrem de forma parecida, como é o caso da conciliação dos nobres com a conciliação entre os filhos do camponês. Em ambos uma autoridade maior força a convivência dos lados antagônicos com o objetivo de direciona-los a um objetivo em comum.

Mais adiante temos como as decisões do estado influenciam nossas decisões pessoais e o rumo de nossas vidas. É o caso do grandioso cidadão que se prontifica a lutar e dar a sua vida pela família e pelo Estado, ninguém o forçou a tal, porém ele julga ser este o correto a fazer.

Por ultimo temos a relação em que a vida privada é a vida do Estado. O príncipe Neandir assume o posto de seu pai e todas as responsabilidades. Ele não podia escapar, ele era o Samin por direito e daquele dia em diante suas decisões seriam as decisões do império [...]

Telmar Aktur – Analise dos grandes textos



[1] Com o intuito de deixar claro apenas os pontos que nos interessam sobre ligação do estado com a vida pessoal tomei a liberdade de retirar certos trechos que julguei serem dispensáveis para atingir esse propósito, aqueles interessados na versão integral devem procurar Mitos e lendas do período pré-imperial e do 1º império

[2] De fato esse bravo homem morreu logo no inicio dos combates, mas ele vive em suas palavras que são até hoje os ideais que inspiram nossos corajosos guerreiros

O primeiro texto de projeto May 6, '07 7:58 PM

Que bom... Posso adicionar arquivos. Ai está um texto interessante (Bárbara, qualquer semelhança não é mera coincidencia). Era para ser um texto que explorasse a estranheza (sentimento de estranheza, identificação, horror, pânico, medo) em Edgar Alan Poe (um trabalho para o projeto de litertura)
Quem se interessar pelo texto (ou não) procure se informar sobre Fobos e Deimos. Uma vez que saibam um pouco sobre essas duas personagens releiam o texto. Vai agradar a quem entender as pequenas menções incrustradas entre essas linhas.
Novamente perdoem a paranóia


TEXTO SOBRE A ESTRANHEZA EM EDGAR ALLAN POE

Os filhos de Vênus

- Shiii... Pronto. Agora podemos conversar. Deve se perguntar porque estou aqui não? Eu sei que você sabe porque estou aqui, porque fui atrás de você.

Eu não me conformo como você me enganou por tanto tempo, como deixei que isso se alongasse por tanto tempo. Mas agora está feito. Como descobri você me pergunta? Não foi difícil. Todos sabiam, todos, eu apenas descobri aos poucos.

Realmente eu agradeço muito a minha amiga Éris. Ela me fez perceber o que estava acontecendo. Você dizia que estava trabalhando, que estava atarefada, que não tinha tempo para me ver. Como eu a amava. Era tão tolo e não percebia o que me acontecia.

Você passou muito tempo com esse “trabalho”. Comecei a me sentir estranho, não sabia o que era. Estava definitivamente abatido, chateado, acho que no fundo eu sabia.

Ainda assim apenas deixava para amanha, amanha e amanha. Conformava-me com algumas poucas horas em alguns poucos dias da semana. Nada mais. Só aquilo.

Agradeço a Éris, sem ela ainda estaria sendo enganado. Ela me dizia:

“É muito estranho ela trabalhar assim, não há motivos” ou então “Se ela gostasse mesmo de você faria algo“. E eu, grande tolo, te defendia afirmando que não fazia sentido você querer me enganar, que você precisava executar o seu trabalho, entre outros diversos motivos.

Mais tarde eu desejei que ela tivesse gritado comigo, que ela afirmasse veementemente que havia algo errado, mas não, concordou comigo e deixou todas as dúvidas criarem suas raízes em mim. Sim, me arrependi depois, mas agora agradeço imensamente.

Não acreditei nela na hora. Mantive-me atento a mentiras. Me mantive acreditando na mais pura das damas.

As palavras de minha amiga com o tempo começaram a me incomodar, mas sem pensar nelas decidi te fazer uma visita. O momento em que o mundo começa a se abrir para mim. O momento em que eu vejo a face descarnada da realidade.

Você não estava em casa no dia. Havia saído. “Para onde?” me perguntei. “Para onde?” perguntei para um cara que passava. Ele respondeu que não sabia, disse exatamente que não havia visto “aquela bela morena da casa 273”. Ele se assustou ao saber quem eu era, não pediu desculpas, apenas falou que eu era um “cara de sorte”.

Sai da frente às pressas. Achei que foi porque sentia que eu ia dar um soco naquele desbocado, minha ilusão.

Conforme eu ia caminhando os pensamentos tomavam conta de mim. Sem me dar conta eu andava cada vez mais rápido e mais rápido. Era como se eu estivesse em plena guerra... sim, isso... não havia pensado nisso antes mas é a plena guerra. Corria como se as ruas fossem perigosas, como se me deixassem vulnerável, queria chegar ao meu abrigo, a minha casa, ao lugar onde a realidade não existia e a vida mostrava sua face tenra.

Medo, tudo pelo que passei podia ser definido nessa palavra, medo. Nunca tinha pensado no que os outros homens pensavam de você. Nunca te coloquei em dúvida. Grande tolo não é mesmo?

Fiquei alguns dias trancado, com medo, pensando. Não queria sair de minha casa e desse mundo cálido.

“Como posso ser tão tolo? Me esconder como um covarde. Nada disso é verdade! Tenho que vê-la”. Essas foram às palavras que proferi no dia derradeiro. O dia da verdade. O dia em que encontrei seu amado

“Como eu poderia saber” você deve estar se perguntando... bom... não sei, mas é ele, nisso não há dúvida.

Estava caminhando até a sua casa, estava disposto a resolver tudo isso de uma vez. Apenas queria entender seus motivos ou dar um basta a esse descaso, porém parece que a vida gosta de mim, ela não me deixaria viver enganado por todo o sempre.

Eu o encontrei atravessando a rua. Banalidade não? Era muito parecido com o cara que eu tinha encontrado há uns dias. Tinha cabelos longos e lisos de um castanho muito claro, era forte e trajava uma camiseta sem mangas. Usava shorts muito esquisitos, o tipo de coisa que você sabe que eu nunca usaria mas que insistia em dizer que gostava e que eu ficaria bem com isso. Era ele.

Tenho certeza que ainda não estás entendendo. Como eu teria acertado? Será que alguém me contou? Quem foi? Será que eu vi vocês dois juntos? Não para tudo minha cara, como eu disse, apenas o encontrei atravessando a rua.

Eu estava pensativo, olhava para frente imaginando o nosso encontro quando, do lado oposto da rua, ele estava lá. Meus olhos recaíram sobre os dele. Ele me fitava descontraído, pomposo, como se soubesse que eu não tinha chance. Na hora nada suspeitei. Mudei o olhar, porém a curiosidade fez com que eu voltasse a fitá-lo. Ele ainda me olhava, debochado, zombeteiro, era ele o campeão, sempre fora, eu estava derrotado. Aqueles olhos, olhos escuros e penetrantes que me analisavam, me dissecavam e que alimentavam o medo que havia em mim como a palha seca nutre as chamas.

De repente os olhos começaram a se aproximar, uma expressão estranha tomou conta do rosto do maldito. Ele se aproximava mais e mais e embora eu não goste de admitir comecei a recuar quando ele estava a alguns passos de distancia, mas ele continuava andando.Se aproximava como toda uma horda de cavaleiros que, certos da vitória, marcham despreocupados até o inimigo.

Recuei, recuei até que não pude me conter. Me virei e me pus a correr o mais depressa possível derrubando diversas pessoas em meu caminho.

Voltei para casa, porem o lugar que antes me era um idílio estava tão descarnado quanto a realidade de fora. De fato o horror me acompanhou até em casa derrubando as minhas muralhas e me impondo seus grilhões. Assim foi por dois dias, não comi, não sai e sempre que precisava realmente fazer algo o fazia andando curvado e o mais discreto possível.

Mas como disse foram dois dias, hoje minha cabeça se revirou, não podia permitir que eu continuasse assim, agradeço meu Homero que caiu em minha frente quando trombei na estante. Aquele bendito livro lembrou-me que aqueles acometidos pela dúvida pereciam, só os bravos atingiam a glória.

Agora que extingui a fonte do medo e do horror. Agora que extingui esse amor posso me concentrar em um único detalhe. Vou atrás de seu amado. Em breve vocês se verão. Me espere em seguida pois quero garantir a vocês o tormento que merecem