sábado, 30 de junho de 2007
Como devo ser complacente
Antes que eu esqueça
- Vamos jogar uma moeda para decidir quem fica com os pares e quem fica com os impares - eu disse
- Certo...
Peguei a moeda na minha mala
- Ok - disse Lex - Cara eu fico com os pares
- E se der coroa eu fico com os impares
- Tá
Ele joga a moeda e da cara
Nos entreolhamos
- Espera... isso vai dar na mesma - disse ele
- Eu sei (risada diabólica)
Tá... só isso mesmo
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Registros de um passado remoto - I
sábado, 16 de junho de 2007
Onda
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Chanson Jun 14, '07 8:45 PM
Disse a meu peito, a meu pobre peito:
- Não te contentas com uma só amante?
Pois tu não vês que este mudar constante
Gasta em desejos o prazer do amor?
Ele respondeu: - Não! Não me contenho;
Não me contento com uma só amante.
Pois tu não vês que este mudar constante
Empresta aos gozos um melhor sabor?
Disse a meu peito, a meu pobre peito:
- Não te contentas dessa dor errante?
Pois tu não vês que este mudar constante
A cada passo só nos traz a dor?
Ele respondeu: - Não! Não me contenho;
Não me contento desta dor errante...
Pois tu não vês que este mudar constante
Empresta às mágoas um melhor sabor?
Canudinhos de Plasticos Jun 6, '07 8:14 PM
Odeio Cuba,odeio escola de samba, odeio você! Jun 1, '07 8:38 PM
saiamos um pouco do tom depressivo, cantemos... cantemos... Jun 1, '07 8:12 PM
There's a hole at the bottom of the sea.
There's a hole at the bottom of the sea.
There's a hole, there's a hole,
There's a hole at the bottom of the sea.
Now there's a log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a log in the hole at the bottom of the sea.
There's a log, there's a log,
There's a log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a bump, there's a bump,
There's a bump at the bottom of the sea.
Now there's a frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a frog, there's a frog,
There's a frog at the bottom of the sea.
Now there's a wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a wart, there's a wart,
There's a wart at the bottom of the sea.
Now there's a fly on the wart on the frog . . .
Now there's a fly on the wart on the frog . . .
There's a fly, there's a fly,
There's a fly at the bottom of the sea.
Now there's a wing on the fly on the wart . . .
Now there's a wing on the fly on the wart . . .
There's a wing, there's a wing,
There's a wing at the bottom of the sea.
Now there's a flea on the wing on the fly . . .
Now there's a flea on the wing on the fly . . .
There's a flea, there's a flea,
There's a flea at the bottom of the sea.
Now there's a wing on the flea on the wing . . .
Now there's a wing on the flea on the wing . . .
There's a wing, there's a wing,
There's a wing at the bottom of the sea.
Now there's a speck on the wing on the flea . . .
Now there's a speck on the wing on the flea . . .
There's a speck, there's a speck,
There's a speck oat n the bottom of the sea.
Now there's a germ on the speck on the wing on the flea on the wing on the fly on the wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
Now there's a germ on the speck on the wing on the flea on the wing on the fly on the wart on the frog on the bump on the log in the hole at the bottom of the sea.
There's a germ, there's a germ,
There's a germ at the bottom of the sea!
Vida cavaleiro Jun 1, '07 8:10 PM
O cavalo ainda caminha calmamente, alienado do perigo que enfrento, nem ele está comigo.
Bato com força com as esporas e a besta parte a toda, galopante. A lança, erguida e altiva corta o ar enquanto sua ponta de ferro observa do alto o seu alvo.
O monstro esta diante de mim, não posso falhar, não poderia... não, não posso perder novamente, é agora.
Novamente observo minha dama nas garras da besta, mas não por muito tempo, não falharei, a salvarei, terei ela em meus braços e a criatura a meus pés
A hora é chegada, a distância diminuiu. Com o meu urro derradeiro apoio a base da lança entre o braço e as costelas enquanto a sua ponta letal prepara-se para o choque.
10 metros... 9 metros... 5 metros... a besta a dois metros de mim, é agora, sim, hoje ela tombará e eu sairei vitorioso... meio metro, sim, não há como escapar....
!...
Novamente continuo minha jornada, não foi hoje, a exaustão já se mostra em minhas faces. Mando o corcel trotar enquanto descanço a lança na sela. A os cascos fazem farfalhar a relva húmida enquanto o sol se poem na estrada a minha frente. Hei de vencer a besta, todas aquelas que a dão forma. Hei de ver minha dama, hei de tela em meus braços... acho q ela deseja isso... acho que... morrerei tentando, só tenho certeza disso.
IN CONSTRUCTO May 8, '07 9:26 PM
Os mais sensíveis do que eu (caso existam) que me perdoem, mas usarei de exemplo uma vaca.
Quando uma vaca é comprada o proprietário trata de queimar no couro dela a sua marca.
Tal marca some conforme a pele se cura e, se não for refeita com constância, pode passar despercebida. Tal propriedade é extremamente útil pois assim, quando o animal for vendido, a marca antiga será curada enquanto uma nova pode ser queimada no couro. Um bom dono trata com cuidado a marca antiga para que ela cicatrize bem e possa, sobre ela, colocar a sua.
Uma marca mal feita e não renovada em um animal, que já teve outro dono, pode ser confundida com a marca antiga. Ao ser encontrado, embora uma delas se sobressalte, ficará dificil distinguir com claresa o dono do ser.
Animais arredios que andam livres por ai precisam ter bem clara a marca de seu senhor pois são estes os mais propícios a se perderem, o que não dispensa os animais mais mansos do brasão de fogo.
Novamente minhas desculpas aos minquados mais senssíveis mas agora vem a grande pancada. Pensemos no coração como essas vacas, porem nele o significado da marca é mais complexo.
Um coração que já foi marcado várias vezes conseque esperar mais tempo pela realização pois já foi satisfeito várias vezes durante sua existência e, por mais que se incomode, estará muito disposto a esperar, se necessário for, o tempo necessário para realizar seus desígnios amorosos.
Um coração que mal foi tocado pelo seu amor não é marcado a fogo e sim a tinta. Por mais que ele reverencie essa marca a tinta se desfaz, é absorvida e, com o tempo, borra. Se, depois de longa ausencia, o encontro entre os amores for rápido, então novamente a marca será feita a tinta. A marca com o tempo vai borrando e, chega um momento, se torna grotesca e insuportável.Corações assim só resistem a uma situação como esta caso se atrelem voluntariamente e com todas as suas forças a uma paixão. Se esses mesmos corações marcados a tinta passarem a conviver e a sofrer juntos, todos os dias, as suas paixões, a marca de tinta será substituida pelo laço incandecente e profundo que existe em toda o amor infinito e inquebrantável.
Novamente Goriot e minha vida. Efeito das saudades May 7, '07 8:51 PM
Grande Tolo.
Não falei com ela. Deveria ter ligado mais cedo. Idiota. Ela também nem para avisar. E os tolos que me cercam (vocês sabem quem), as pedras que me balbuciam suas epígrafes me desencorajaram, atormentaram, me atacaram por tolos os lados de forma que nada pude fazer, finjindo apenas participar.
Grande tolo sou e insenssíveis são os que me carcam. Bando de asnos. Apenas em tí encontro um reduto de felicidade, a dama mais nobre (ou assim acredito).
Me recuso a virar um novo Eugênio de Rastignac, quero me manter o garoto do fundo da província e não gigolô parisiense
Malditos sejam
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AN LEKE TE AN TERELESKA (O homem e o império)
Aqui vos apresento um conjunto de pedaços de grandes obras para mostrar a todos aqueles descrentes a influencia do estado em nossas vidas. Deixo como introdução as minhas idéias ninguém menos que o grandioso Artan Talueni:
“ ‘Grandes impérios seguem os passos de grandes homens’, assim disse Palegor em seus estudos sobre a história imperial. Não creio que haja muitas duvidas a esse respeito, o que é interessante é que ainda existem uns poucos que se recusam a acreditar na influencia que a vida de uma entidade abstrata como o Estado possa ter influencia sobre nosso próprio ser, nossa consciência de quem somos, o que queremos e para onde pretendemos ir e ,principalmente, que caminhos usaremos para chegar a esse objetivo.”
Artan Talueni – Estudos sobre a consciência de estado e poder
Creio que todos conhecem o conto de Lan-Maltor, o primeiro Samin. Ainda assim vou apresenta-lo seguido de uma breve analise feita em cima dessa peça importante de nossa literatura
LAN-MALTOR
PARTE I
Das colossais muralhas de rocha e homens ao norte até as magníficas praias de areia dourada acariciadas pelo oceano revolto ao sul se estende nosso domínio.
Se hoje nossas vidas se passam tranqüilas e livres de distúrbios se deve a um único homem, o primeiro Samin.
Antes da revolução social e da queda do primeiro império, antes da tomada da capital pelos habitantes das ilhas, antes da emancipação feminina, antes dos primeiros combates expansionistas contra os nômades do deserto, antes de qualquer teoria a respeito de organização e disposição militar, na época em que sacerdotes ditavam o rumo da religião e dos ritos e diversas famílias de nobres dividiam entre si o poder sobre os homens e as coisas surgiu um sábio que decidiu por fim a essa vida de desunião e franqueza para fazer nascer da ruína o mais vistoso e poderoso de todos os dragões.
Samatréa era uma aldeia localizada próxima a união dos rios Terun e Menur, cercada de um lado por uma densa floresta e pelo outro de uma enorme planície cultivável que se estendia até a junção dos rios. Nesse prospero lugar nasce o Lan-Maltor.
[...][1]
Após conseguir o poder sobre a aldeia ninguém ousou contestar seu poder e os poucos que tentaram foram exilados ou mortos em duelos contra o poderoso senhor.
Lan-Maltor, como um soberano de origens humildes, fez diversas reformas que permitiram um aumento da produção de alimentos e uma disposição mais rápida e eficiente de tropas para a defesa da cidade, alem de fornecer armamentos de qualidade e treinamento aos camponeses (algo que nunca um senhor havia feito).
O poder de Samatréa logo ficou evidente, diversos ataques foram feitos contra a vila mas seus soldados bem preparados eram infinitamente superiores as hordas de camponeses famintos armadas com instrumentos de cozinha e liderados por uma parada colorida de nobres orgulhosos, glutões e viciados que não tinham o mínimo condicionamento para lutar contra uma galinha.
Com o passar de poucos meses Samatréa havia dizimado todo o exercito de diversas vilas ao redor e acabado igualmente com diversos de seus lideres bufões.
Lan-Maltor não tardou a revidar e em menos de 8 meses já havia dominado dezenas das vilas que o haviam atacado formando assim o primeiro governo unificado de nosso povo.
[...]
Durante esse período, ao norte, outra vila passava por processo parecido, porem se utilizando de muito mais selvageria ao subjugar as aldeias dominadas. Lan-Maltor sempre era acolhido como um libertador que iria trazer segurança e prosperidade e sempre assim procedia, porem, o povo bárbaro do norte era conhecido por suas atitudes sanguinárias. As vilas atacadas por aqueles brutos se defendiam com todas as suas forças o que só aumentava as mortes e a carnificina depois da conquista.
Não havia outra opção, usar das armas seria impossível para reunir vilas o bastante com o objetivo de resistir aquele povo bárbaro, seria preciso usar da diplomacia.
[...]
PARTE II
[...]
Lan-Maltor foi a cada chefe das aldeias próximas oferecer sua aliança. Para cada um deles teve de oferecer um papel de destaque em sua corte para que lhe fosse entregue a administração de suas vilas, para tal permitiu que os senhores mantivessem o poder religioso em troca de receberem um pagamento mensal e entregarem a administração de suas vilas a Samatréa.
[...]
- Os príncipes me deram suas terras mas irão querer retoma-las se souberem que muitos de seus maiores inimigos fazem parte dessa nova entidade, tenho de concilia-los
Decidido a acabar com as diferenças entre eles Lan-Maltor manda mensageiros para todos os seus aliados convidando-os para uma reunião onde se decidiria importantes questões estratégicas.
Os grandes senhores se dirigiram a Samatréa com suas guardas pessoais. No decorrer do caminho muitos se encontraram e o combate só foi evitado devido ao fato que representantes do próprio Lan-Maltor acompanhavam companhias preparadas para evitar tais confrontos.
[...]
- Peço que não se zanguem comigo, sei que suas famílias se desentendem desde antes da noção de tempo mas está na hora de mudar
- Você reúne o responsável pela morte de diversos de meus iguais e ainda acha que pode haver paz – pergunta o senhor de Altebaran
- Esta insinuando algo? – pergunta o senhor de Nustvaulen
Assim continuou a discussão, Lan-Maltor deixou os ânimos se exaltarem antes de retomar a palavra:
- Senhores, algum de vocês sabe porque essa briga começou? Quem foi o primeiro a matar um membro de suas famílias?
Não houve resposta
- Vocês ainda brigam por um motivo que desconhecem e enquanto isso prossegue uma força unida e destrutiva avança para o sul e nós somos aqueles que estão bem no meio do caminho.
Lan-Maltor Fez um aceno com a mão e dois criados se aproximaram. Um deles colocou diversos gravetos sobre a mesa e um pequeno machado
- Sobre essa mesa vocês podem ver galhos dos mais diversos, uns maiores e outros menores, uns de madeira boa e outros de madeira ruim – disse o senhor de Samatréa.
Pegou o machado e foi dando machadas em cada um dos galhos, não era preciso muita força para quebrar mesmo o galho mais forte. Em pouco tempo todos os galhos foram quebrados
Depois, com outro aceno de mão, um criado colocou sobre a mesa um amontoado de galhos na mesma quantidade e com as mesmas características dos anteriores, porem firmemente presos com cordas. Lan-Maltor levantou-se, ergueu o machado acima da cabeça e desferiu um fortíssimo golpe contra o amontoado de galhos. O machado atingiu com toda a força o bloco, no entanto, poucos galhos racharam e aqueles que se partiram não se distanciaram muito de suas metades. Desferiu outro golpe e o efeito foi o mesmo.
O senhor de Samatréa pousou o machado na mesa e observou. Um dos príncipes levantou-se e se curvou diante de seu senhor. Um a um os príncipes repetiram o gesto até que todos estavam curvados perante Lan-Maltor.
- Agora somos um – disse o primeiro Samin
PARTE III
Enquanto a era imperial começava a se delinear as pessoas simples mantinham seus próprios problemas
- Como pode ser assim minha família? Como podemos viver assim em desacordo?
- Mas pai, a culpa foi dela.
- Não me importa de quem foi a culpa, quero saber porque não estão lá fora me ajudando com o campo.
- Mas pai ela que começou.
- Não importa!
Assim a discussão continuou até o poente quando o camponês simplesmente manda os filhos para o quarto
- Como podes deixar sua família nesse estado? – pergunta a esposa
- Que queres que eu faça?
- Seus filhos não param de brigar e temos de começar a plantar antes da chegada do outono, eu não suporto mais
- Eu sei, eu sei....
Pobre o homem que em seu lar não encontra a paz e que, pelo contrario, nele é onde moram suas angustias.
A desordem estava instalada na casa desse infeliz, seus seis filhos não se davam bem, a mulher o culpava por isso e os pais desse pobre coitado o abandonaram por ser contra seu casamento. Ele precisava pensar em algo
[...]
Estava na hora de por seu plano em ação. Talvez fosse meio drástico mas era preciso faze-lo.
Numa manha de sol o pai chamou todos os filhos para dentro de casa escondendo antes todos os brinquedos e distrações. Conversou longamente sobre a atitudes que eles vinham tendo e advertiu-os de que não lhe agradava vê-los brigando o tempo todo.
Fingindo que ia sair para pegar algumas frutas para eles o pai trancou as crianças na casa e foi dar uma longa volta.
Ao retornar chegou perto da porta e perguntou para as crianças
- Como se sentem meus queridos?
Os pequenos não tardaram a pedir ao pai que os tirassem dali pois não mais agüentavam a presença um do outro.
- Não se preocupe, sairão daí contanto que prometam me fazer alguns favores.
As crianças não tardaram em concordar e o pai as deixou sair.
- A primeira tarefa é a seguinte, estou com muita fome e creio que vocês também então eu quero que vocês colham algumas maças do pomar.
As crianças se animaram, adoravam quando tinham a chance de comer maças mas o pai geralmente estava ocupado trabalhando e raramente tinha tempo de ir até o bosque colher frutas para os pequenos.
- Muito bem então, pequem a escada e vamos
- Pegar o que? – perguntou a filha mais velha
- Eu disse para pegarem a escada. Eu disse que VOCÊS vão colher as maças, não eu.
- Mas pai, não sabemos como! – respondeu o segundo filho mais velho
- Vocês reclamam por eu não ir pegar as maças para vocês, bom, isso é porque eu sempre estou ocupado no campo já que vocês não querem ajudar no plantio e na colheita, então acho que vocês tem de aprender a fazer isso sozinhos
As crianças se entreolharam mas perceberam que o pai não iria ajudar muito. O homem indicou para as crianças onde estava a escada e esperou que elas se decidissem. Demorou muito para que as crianças se organizassem mas conforme a fome e a vontade de comer as suculentas maças aumentava elas foram deixando de brigar e finalmente ergueram a escada com cada um segurando em uma parte, os mais velhos e fortes seguravam a parte de baixo da escada enquanto os menores se juntavam para carregar onde a escada era mais leve.
[...]
Ao final do dia as crianças estavam deitadas na grama descansando e comendo as suculentas maças, todos alegres e felizes com o esforço em conjunto. O pai depois contou algumas histórias e finalmente os pequenos pegaram novamente a escada (dessa vez sem nenhuma discussão) e voltaram alegres para casa
Ao ver a cena de todos os filhos andando juntos e conversando alegremente sem nenhuma briga a esposa do camponês alegrou-se muito com o marido.
As crianças começaram a ir todos os dias até a macieira enquanto o pai e a mãe cuidavam sozinhos da horta e dos animais.
Por dois dias as crianças foram sozinhas até a macieira e por dois dias pediram para o pai que fosse junto até as macieiras para contar as histórias que ele tanto gostavam mas sempre o pai recusava dizendo que precisava terminar o trabalho na horta e com os animais. Assim foi por dois dias. No terceiro dia, porem, quando o pobre camponês foi trabalhar certa manhã encontrou todos os filhos trabalhando perfeitamente em diversas tarefas. Quando questionados o porque de eles estarem trabalhando tão cedo responderam que queriam ajudar para que ele tivesse tempo ao fim do dia para acompanha-los na ida até o pomar.
Assim o dia prosseguiu e em menos de metade do tempo todas as tarefas que o pai teria executado em um dia foram cumpridas e mais algumas. Todos foram então para o pomar, o pai disse que carregaria a escada mas mesmo assim as crianças fizeram questão de levar e trazer a escada todos os dias.
Com a ajuda de todos a fazenda prosperou, as crianças tinham mais para comer, ficaram mais fortes, trabalhavam melhor e tinham cada vez mais tempo para se dedicar as suas amadas e belas macieiras
PARTE IV
Um senhor tem sempre momentos em que deve decidir se a guerra é melhor opção que a rendição. Guerra é fome, morte e desespero, mas às vezes a humilhação pode ser sofrimento maior que a morte.
- O supremo senhor das terras do norte pede ao famoso Lan-Maltor que este se ajoelhe perante seu poder e lhe preste as devidas homenagens para que ele e seu povo sejam poupados.
- Porque imaginas que eu me ajoelharia diante de seu senhor?
- Porque é o correto a fazer
- Infelizmente meu povo vive numa terrível barbárie, não conseguimos compreender seus métodos tão civilizados que consistem basicamente de matar jovens e raptar moças, mesmo que eu me civilize e aceite suas exigências meu povo é ignorante demais para aceitar.
- E de que importa o povo ao soberano.
- Se eu seguir meu povo vocês tentarão obter minha cabeça, mas meus súditos me protegerão com suas armas. Meus súditos me darão de bom grado seus filhos, suas vidas e seus pertences se eu me comprometer em salva-los da humilhação e da servidão. Se eu me submeter ao seu senhor, meu povo bárbaro e inculto não conseguirá entender a civilidade que existe por detrás das carnificinas e arrancará minha cabeça como se arranca a cabeça de uma galinha.
- Tens medo do povo?
- Sim.
O mensageiro vai embora gritando que a guerra virá e que todos eles perecerão. Achando que estavam demorando demais o senhor de Samatréa manda que matem alguns dos guardas do mensageiro. A atitude funciona e o mensageiro parece sumir na fumaça como um espírito agourento.
Lan-Maltor por ter agido errado, temia o medo do povo, será que tinha feito certo? A resposta veio no fim do dia
- Senhor, uma grande multidão se reúne as portas do palácio – disse um dos guardas
Quando saiu pelo portão do palácio encontrou diversos homens desorganizados e muito eufóricos
- Que fazem aqui cidadãos? Porque se reúnem diante de mim?
- Estamos aqui para lutar por Samatréa – disse alguém no meio da multidão
Todos gritaram concordando.
- Mas não temem a morte? Nenhum de vocês?
Todos ficaram quietos. Uns poucos tentavam encorajar um homem que parecia ser o responsável pela reunião. Ele se aproximou e disse:
- Meu senhor, nenhum de nós teme morrer por aquilo que acreditamos.
- Não teme por sua mulher e filhos?
- Se com minha vida eu puder manter o inimigo longe deles assim farei. Prefiro morrer sabendo que fiz o que pude do que viver uma vida pobre e temendo a cada dia pela integridade de meus queridos.[2]
- E como sabem que suas vidas sob o julgo dos invasores não será melhor
- Porque por mais que pensemos não conseguimos imaginar vida melhor nem em nossos sonhos mais delirantes
- Era isso que eu precisava ouvir
Sacando de sua espada Lan-Maltor ordenou:
- Quero todos os marceneiros preparados pois precisaremos de muitos escudo, quero todos os ferreiros trabalhando pois não temos machados o bastante para tantas mãos heróicas.
Toda a cidade soltou urros de aprovação. A maquina de guerra estava sendo formada
[...]
Parte XVII
[...]
A morte de Lan-Maltor an Vapalan, o primeiro dos Samins, foi um incomoda para todos. Ninguém gostou da idéia dele partir desse mundo, mas mesmo os grandes homens tem direito ao descanso final.
Foi construído um gigantesco altar numa planície onde milhares foram assistir a queima do corpo de Lan-Maltor. Todos cantaram, dançaram e beberam enquanto o espírito de seu senhor subia junto à fumaça.
Foram quatro dias de festa todos se divertiram muito [...] mas chegou um momento em que notou-se alguns problemas
Com o fim de Lan-Maltor era o fim de seu império, quem poderia manter todos unidos com a mesma força? Os antigos senhores já planejavam retomar o poder e dissolver tudo de belo que foi construído com tanto trabalho e sacrifício.
Sorte que o sangue é forte.
O filho de Lan-Maltor não permitiu, enquanto a aristocracia decidia se ele merecia ou não o trono de seu pai o garoto de 17 anos pegou a espada e o escudo de seu pai e saiu para o pátio da cidade.
Todo o povo se reuniu a sua volta, ao perceber que todos na cidade o escutavam o jovem Neandir, filho de Lan-Maltor, proclamou:
- Eu sou o sangue de meu pai, enquanto esse filho e os filhos desse filho e os filhos desses filhos ainda estiverem aqui para zelar por todos meu pai nunca morrera”
E assim o império sempre se manteve, crescendo sob o julgo dos fortes e enfraquecendo sob o julgo dos fracos mas nunca há de perecer enquanto os filhos de Lan-Maltor an Vapalan continuarem a zelar com suas vidas por nossa terra pois o Samin é e sempre será o império e o império é nossa vida
Nemeltur Arion - Mitos e lendas do período pré-imperial e do 1º império
Percebe-se nesse texto diversos pontos onde a vida privada e o Estado se fundem. Pode-se exemplificar três tipos. Há o momento em que as ações do estado e da vida privada ocorrem de forma parecida, como é o caso da conciliação dos nobres com a conciliação entre os filhos do camponês. Em ambos uma autoridade maior força a convivência dos lados antagônicos com o objetivo de direciona-los a um objetivo em comum.
Mais adiante temos como as decisões do estado influenciam nossas decisões pessoais e o rumo de nossas vidas. É o caso do grandioso cidadão que se prontifica a lutar e dar a sua vida pela família e pelo Estado, ninguém o forçou a tal, porém ele julga ser este o correto a fazer.
Por ultimo temos a relação em que a vida privada é a vida do Estado. O príncipe Neandir assume o posto de seu pai e todas as responsabilidades. Ele não podia escapar, ele era o Samin por direito e daquele dia em diante suas decisões seriam as decisões do império [...]
Telmar Aktur – Analise dos grandes textos
[1] Com o intuito de deixar claro apenas os pontos que nos interessam sobre ligação do estado com a vida pessoal tomei a liberdade de retirar certos trechos que julguei serem dispensáveis para atingir esse propósito, aqueles interessados na versão integral devem procurar Mitos e lendas do período pré-imperial e do 1º império
[2] De fato esse bravo homem morreu logo no inicio dos combates, mas ele vive em suas palavras que são até hoje os ideais que inspiram nossos corajosos guerreiros
O primeiro texto de projeto May 6, '07 7:58 PM
Quem se interessar pelo texto (ou não) procure se informar sobre Fobos e Deimos. Uma vez que saibam um pouco sobre essas duas personagens releiam o texto. Vai agradar a quem entender as pequenas menções incrustradas entre essas linhas.
Novamente perdoem a paranóia
TEXTO SOBRE A ESTRANHEZA EM EDGAR ALLAN POE
Os filhos de Vênus
- Shiii... Pronto. Agora podemos conversar. Deve se perguntar porque estou aqui não? Eu sei que você sabe porque estou aqui, porque fui atrás de você.
Eu não me conformo como você me enganou por tanto tempo, como deixei que isso se alongasse por tanto tempo. Mas agora está feito. Como descobri você me pergunta? Não foi difícil. Todos sabiam, todos, eu apenas descobri aos poucos.
Realmente eu agradeço muito a minha amiga Éris. Ela me fez perceber o que estava acontecendo. Você dizia que estava trabalhando, que estava atarefada, que não tinha tempo para me ver. Como eu a amava. Era tão tolo e não percebia o que me acontecia.
Você passou muito tempo com esse “trabalho”. Comecei a me sentir estranho, não sabia o que era. Estava definitivamente abatido, chateado, acho que no fundo eu sabia.
Ainda assim apenas deixava para amanha, amanha e amanha. Conformava-me com algumas poucas horas em alguns poucos dias da semana. Nada mais. Só aquilo.
Agradeço a Éris, sem ela ainda estaria sendo enganado. Ela me dizia:
“É muito estranho ela trabalhar assim, não há motivos” ou então “Se ela gostasse mesmo de você faria algo“. E eu, grande tolo, te defendia afirmando que não fazia sentido você querer me enganar, que você precisava executar o seu trabalho, entre outros diversos motivos.
Mais tarde eu desejei que ela tivesse gritado comigo, que ela afirmasse veementemente que havia algo errado, mas não, concordou comigo e deixou todas as dúvidas criarem suas raízes em mim. Sim, me arrependi depois, mas agora agradeço imensamente.
Não acreditei nela na hora. Mantive-me atento a mentiras. Me mantive acreditando na mais pura das damas.
As palavras de minha amiga com o tempo começaram a me incomodar, mas sem pensar nelas decidi te fazer uma visita. O momento em que o mundo começa a se abrir para mim. O momento em que eu vejo a face descarnada da realidade.
Você não estava em casa no dia. Havia saído. “Para onde?” me perguntei. “Para onde?” perguntei para um cara que passava. Ele respondeu que não sabia, disse exatamente que não havia visto “aquela bela morena da casa 273”. Ele se assustou ao saber quem eu era, não pediu desculpas, apenas falou que eu era um “cara de sorte”.
Sai da frente às pressas. Achei que foi porque sentia que eu ia dar um soco naquele desbocado, minha ilusão.
Conforme eu ia caminhando os pensamentos tomavam conta de mim. Sem me dar conta eu andava cada vez mais rápido e mais rápido. Era como se eu estivesse em plena guerra... sim, isso... não havia pensado nisso antes mas é a plena guerra. Corria como se as ruas fossem perigosas, como se me deixassem vulnerável, queria chegar ao meu abrigo, a minha casa, ao lugar onde a realidade não existia e a vida mostrava sua face tenra.
Medo, tudo pelo que passei podia ser definido nessa palavra, medo. Nunca tinha pensado no que os outros homens pensavam de você. Nunca te coloquei em dúvida. Grande tolo não é mesmo?
Fiquei alguns dias trancado, com medo, pensando. Não queria sair de minha casa e desse mundo cálido.
“Como posso ser tão tolo? Me esconder como um covarde. Nada disso é verdade! Tenho que vê-la”. Essas foram às palavras que proferi no dia derradeiro. O dia da verdade. O dia em que encontrei seu amado
“Como eu poderia saber” você deve estar se perguntando... bom... não sei, mas é ele, nisso não há dúvida.
Estava caminhando até a sua casa, estava disposto a resolver tudo isso de uma vez. Apenas queria entender seus motivos ou dar um basta a esse descaso, porém parece que a vida gosta de mim, ela não me deixaria viver enganado por todo o sempre.
Eu o encontrei atravessando a rua. Banalidade não? Era muito parecido com o cara que eu tinha encontrado há uns dias. Tinha cabelos longos e lisos de um castanho muito claro, era forte e trajava uma camiseta sem mangas. Usava shorts muito esquisitos, o tipo de coisa que você sabe que eu nunca usaria mas que insistia em dizer que gostava e que eu ficaria bem com isso. Era ele.
Tenho certeza que ainda não estás entendendo. Como eu teria acertado? Será que alguém me contou? Quem foi? Será que eu vi vocês dois juntos? Não para tudo minha cara, como eu disse, apenas o encontrei atravessando a rua.
Eu estava pensativo, olhava para frente imaginando o nosso encontro quando, do lado oposto da rua, ele estava lá. Meus olhos recaíram sobre os dele. Ele me fitava descontraído, pomposo, como se soubesse que eu não tinha chance. Na hora nada suspeitei. Mudei o olhar, porém a curiosidade fez com que eu voltasse a fitá-lo. Ele ainda me olhava, debochado, zombeteiro, era ele o campeão, sempre fora, eu estava derrotado. Aqueles olhos, olhos escuros e penetrantes que me analisavam, me dissecavam e que alimentavam o medo que havia em mim como a palha seca nutre as chamas.
De repente os olhos começaram a se aproximar, uma expressão estranha tomou conta do rosto do maldito. Ele se aproximava mais e mais e embora eu não goste de admitir comecei a recuar quando ele estava a alguns passos de distancia, mas ele continuava andando.Se aproximava como toda uma horda de cavaleiros que, certos da vitória, marcham despreocupados até o inimigo.
Recuei, recuei até que não pude me conter. Me virei e me pus a correr o mais depressa possível derrubando diversas pessoas em meu caminho.
Voltei para casa, porem o lugar que antes me era um idílio estava tão descarnado quanto a realidade de fora. De fato o horror me acompanhou até em casa derrubando as minhas muralhas e me impondo seus grilhões. Assim foi por dois dias, não comi, não sai e sempre que precisava realmente fazer algo o fazia andando curvado e o mais discreto possível.
Mas como disse foram dois dias, hoje minha cabeça se revirou, não podia permitir que eu continuasse assim, agradeço meu Homero que caiu em minha frente quando trombei na estante. Aquele bendito livro lembrou-me que aqueles acometidos pela dúvida pereciam, só os bravos atingiam a glória.
Agora que extingui a fonte do medo e do horror. Agora que extingui esse amor posso me concentrar em um único detalhe. Vou atrás de seu amado. Em breve vocês se verão. Me espere em seguida pois quero garantir a vocês o tormento que merecem
Maldito Goriot
Para uma alma atormentada que se acalma, que acha uma sublime poesia nas palavras de Goethe (mais especificamente nas cartas de "Os sofrimentos do jovem Werther") e que sente-se num mundo confortavel ao lê-las, terá como única consequencia, ao ler "O pai Goriot", um profundo choque como se alguem tivesse cravado uma terrivel adaga em seu coração e torcido diversas vezes... ok... talvez seja um pouco de exagero... mas é por ai. Quem quiser que teste essa comparação e me avise se ela é possivel.
Balzac não pode ser culpado, é um bom autor defunto, e Goriot também é uma boa obra, isso não posso por em dúvida, mas talvez seja boa demais. É obra extremamente crítica à sociedade e é impossivel questionar o que lá é apresentado. Oh minha dama, perdoe-me cair novamente nesses pensamentos de dúvida mas não podes culpar um pedaço de coração a tanto afastado de sua outra metade.
Maldito Goriot, ao mesmo tempo que o culpo não posso culpa-lo. Seria então culpa da fortuna então? Não.
O texto me traz a tona um medo. Medo que minha bela dama seja, no fundo, uma condessa Anastácia de Restaud. A vida me traz a tona um medo. Medo que minha bela dama seja, no fundo, uma viscondessa Beauséant. Mas já não chequei a conclusão de que não posso atribuir a nenhum desses dois fatores a minha descrença? Quem me falta?
Resta apenas a mim mesmo para culpar, porém logo no começo me isento de responsabilidade... ó maldito questionamento.
Maldito Goriot
Perdoe-me novamente Belle Dame.